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Missionários intercessores: função e causa

Casa de Oração

Você conhece a existência de missionários intercessores? Pode parecer um termo novo, mas a sua função é bem antiga e perpassa milhares de anos. Os missionário intercessores são pessoas que se dedicam a tempo integral ao ministério da oração. Ou seja, seu campo missionário nasce do lugar de oração. 

QUAL A CAUSA OS CONVOCOU?

Antes de definir qual a função dessas pessoas, vamos relembrar o porquê elas existem. Joel 2 narra uma promessa para o final dos tempos – o espírito derramado sobre todos – é a promessa de um grande avivamento que precederá o final dos tempos. Será um avivamento como nunca visto antes. Então, à medida que as trevas aumentarem, a glória sobre a igreja também será intensa, com sinais, maravilhas e salvação.

Ao olharmos para a história dos avivamentos, nunca foi visto um aviamento surgir sem que a oração estivesse acontecendo. Foi assim com os moravianos, Azusa, Gales e tantos outros, e não seria diferente com o avivamento final. Te convido a ler especialmente sobre os moravianos, eles são os primeiros missionários intercessores protestantes.

“E, depois disso, derramarei do meu Espírito sobre todos os povos. Os seus filhos e as suas filhas profetizarão, os velhos terão sonhos, os jovens terão visões.

Até sobre os servos e as servas derramarei do meu Espírito naqueles dias.

Mostrarei maravilhas no céu e na terra, sangue, fogo e nuvens de fumaça.

O sol se tornará em trevas, e a lua em sangue; antes que venha o grande e terrível dia do Senhor.

Joel 2:28-31

Queremos avivamento porque queremos que “seja na terra assim como é no céu” – como Jesus nos ensinou a pedir na oração do Pai Nosso, em Mateus 6. Desejamos avivamento porque queremos que Jesus volte à terra de uma vez por todas e reine perpetuamente. Buscamos avivamento porque o Senhor é digno que todo joelho se dobre. Ansiamos avivamento porque queremos justiça se manifestando em forma de salvação e correção de rota ao mundo. Ele é Digno!

ORAÇÃO E ADORAÇÃO DIA E NOITE

Em Apocalipse 4 e 5, o apóstolo João narra qual é a realidade que está acontecendo no céu agora mesmo. Na sala do trono, vista por João, ele vê acontecendo incessantemente, dia e noite, adoração e intercessão.  

Dia e noite repetem sem cessar: “Santo, santo, santo é o Senhor, o Deus todo-poderoso, que era, que é e que há de vir”.  Apocalipse 4:8

Ao recebê-lo, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro. Cada um deles tinha uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos; Apocalipse 5:8

Assim, se queremos a realidade do céu precisamos ver um movimento de oração e adoração 24/7, dia e noite sem cessar, Deus sendo adorado e no mesmo movimento compartilhando os pesos do seu coração com a igreja que devolve a ele essas causas em intercessão. Isso culminará com justiça sendo feita e um rompimento sem precedentes para o final dos tempos.

O CUMPRIMENTO DAS PROMESSAS

Nesse contexto, os missionários intercessores são aqueles que se entregam de maneira integral a essa causa. Dessa forma, salas de oração tem surgido cada dia mais ao redor do mundo, lugares remotos onde Deus tem sido adorado dia e noite e a intercessão tem sido levantada como incenso. Os missionários desses lugares são chamados missionários intercessores. Eles são músicos, cantores, intercessores, comunicadores, técnicos de som e mídia, que entram em parceria com a vontade do Senhor de fazer na terra como é no seu. Seus corações se engajam com a causa do coração de Cristo em fazer justiça, enviar salvação, ser conhecido e fazer que sua igreja seja casa de oração.  

Coloquei sentinelas em seus muros, ó Jerusalém; jamais descansarão, dia e noite. Vocês que clamam pelo Senhor, não se entreguem ao repouso, e não lhe concedam descanso até que ele estabeleça Jerusalém e faça dela o louvor da terra. Isaías 62:6,7

esses eu trarei ao meu santo monte e lhes darei alegria em minha casa de oração. Seus holocaustos e seus sacrifícios serão aceitos em meu altar; pois a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos”. Isaías 56:7

ONDE ELES ESTÃO NA BÍBLIA?

> Antigo Testamento

A função de missionários intercessores não é algo contemporâneo e nem uma invenção de um movimento passageiro. Davi foi o primeiro a entender algo que o moveu a construir um tabernáculo, o famoso Tabernáculo de Davi. Ele colocou milhares de pessoas para ministrarem ao Senhor dia e noite. Ele também instruiu com ordem para os próximos reis que o sucedesse que guardassem essa prática, porque essa era a vontade de Deus. Eram quatro mil músicos e quatro mil porteiros do templo que eram liberados de qualquer outra atividade, suas funções eram totalmente dedicadas ao Tabernáculo de Davi. Seu reinado financiou  essas pessoas e os custos do tabernáculo.

Davi escolheu vinte e quatro mil desses para supervisionarem o trabalho do templo do Senhor e seis mil para serem oficiais e juízes; quatro mil para serem guardas das portas e quatro mil para louvarem o Senhor com os instrumentos musicais que Davi preparou com esse propósito.  1 Crônicas 23:4,5

Ao longo de toda história dos reis do povo de Israel o Tabernáculo de Davi foi negligenciado e constantemente reconstruído, e há um promessa que Deus restauraria a tenda caída de Davi (Amós 9:11). Davi fez um voto que os missionário intercessores também fazem hoje:

“Não entrarei na minha tenda e não me deitarei no meu leito;

não permitirei que os meus olhos peguem no sono nem que as minhas pálpebras descansem,

enquanto não encontrar um lugar para o Senhor, uma habitação para o Poderoso de Jacó”.

Salmos 132:1-5

> Novo Testamento

“Alguns perguntam onde os missionários intercessores são encontrados no Novo Testamento. Minha resposta: Onde no Novo Testamento encontramos líderes que não priorizam a oração? Começando com Jesus e os apóstolos, o Novo Testamento destaca muitos líderes que se entregaram à oração de maneira extravagante.” – Mike Bickle – Fundador da IHOP.

De fato os discípulos e a igreja primitiva eram um povo que orava. Porém, quero destacar o chamado de Ana, em Lucas 2, que serve de referência para o trabalho de missionários intercessores hoje. Ana é o exemplo mais extremo do estilo de vida do missionário intercessor no Novo Testamento.  

Estava ali a profetisa Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era muito idosa; havia vivido com seu marido sete anos depois de se casar e então permanecera viúva até a idade de oitenta e quatro anos. Nunca deixava o templo: adorava a Deus jejuando e orando dia e noite. Tendo chegado ali naquele exato momento, deu graças a Deus e falava a respeito do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém. Lucas 2:36-38

Ana, naquele contexto esperava a vinda do Messias, e ela pôde ver o menino Jesus ser trazido ao Templo e reconhecê-lo. Ana estava sobre os “muros de Jerusalem”. Ela simboliza o que Deus orquestrará na geração em que Ele voltar. Aos oitenta e quatro anos – aproximadamente sessenta anos depois – ela ainda estava ministrando ao Senhor em muita oração com jejum. Esse é um chamado real que o Senhor ainda tem feito por toda a terra e centenas tem respondido, o chamado de oração dia e noite.

COMO ISSO FUNCIONA NA FHOP

Então, aqui na Fhop  temos mais de 110 missionários intercessores espalhados pelas mais diversas funções. Todas as funções e departamentos servem a sala de oração para que essa realidade de oração não cesse. 

Na prática funciona com pessoas trabalhando diretamente nos turnos da sala de oração, como músicos, cantores, intercessores, técnicos de som, streaming, projeção e líderes de sessão. Outros que servem administrativamente gerenciamento financeiro, produzindo conteúdo no marketing, ativamente executando atos de justiça e evangelismo. Missionários que traduzem e vendem livros e materiais que espalham a mensagem da oração. 

Outra maneira é através do centro de treinamento que ao mesmo tempo que ajuda a financiar o lugar de oração convida e treina a igreja global a participar do lugar de oração. Além disso, há também missionários servindo diretamente a igreja local. Pastores, líderes e psicólogos que discipulam, pastoreiam e cuidam dos corações dos missionários. E um departamento  de gestão só para gerenciar todos esses missionários intercessores voluntários. 

DEUS CONTINUA CHAMANDO ANAS E DAVIS

Assim ainda hoje Deus continua chamando e levantando, Davis e Anas, pessoas que estão envolvidas e se gastando com a causa da oração. Movidos pela beleza de Jesus. Pode surgir o questionamento: Não é exagero? Dia e noite de oração não é demais? É realmente necessário? 

Três respostas bíblicas para esses questionamentos: 

1) Jesus respaldou o estilo de vida de Maria, que escolheu ficar aos seus pés, “Uma coisa é necessária, Maria escolheu a boa parte e essa não lhe será tirada.” (Lc 10:40).  Dessa forma, o relacionamento com Jesus é a única coisa necessária. Ele é suficiente.

2) Ele é digno! Simplesmente, Ele é digno. Diante da dignidade da glória de Deus, 24 horas 7 dias por semana ainda é pouco. Ele mereceria muito mais. Os anjos, seres viventes e vinte e quatro anciãos estão a milhares de anos cantando sua dignidade sem cessar e ainda não acharam que poderiam parar, toda dignidade de Deus ainda não foi coberta. 

3) Ele deseja governar a terra em parceria com seu povo, ele vai responder cada intercessão feita. Acaso Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele dia e noite? Continuará fazendo-os esperar? Lucas 18:7

Então, não é desperdício, é o próprio Zelo do Senhor que está orquestrando isso sobre a Terra, e ele já nos deu garantias de como isso terminará.

Somos precursores 

Precursor tem como significado aquele que vem adiante para anunciar a chegada de alguém, de algo ou até mesmo um novo tempo. Este anúncio em geral é feito por alguém que tem informações sobre esta pessoa ou por uma nova estação. Precursores são mensageiros enviados com a missão de anunciar o novo ou o que está por vir. Precursores em geral são proféticos e pioneiros pois podem anunciar um acontecimento futuro e até mesmo viver ou desbravar algo nunca antes vivido.  

Onde Jesus, nosso precursor, entrou por nós, feito eternamente sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque. Hebreus 6:20 

Jesus, o maior exemplo.

Jesus, nosso salvador é nosso maior exemplo de precursor. Ele veio anunciar um reino que é eterno, nos ensinou lições que vão contra tudo o que o mundo nos ensina. 

Jesus veio para anunciar novas leis de um reino que nunca terá fim. Jesus apontou para si mesmo, mas também desbravou o mundo de sua época, ele foi pioneiro em meio a um sistema antigo e altamente fechado. 

Jesus como precursor nos deu a esperança de dias melhores, e de acreditar em algo muito maior que um sistema religioso e político. 

João Batista, aquele que anunciou o Salvador

Certamente podemos fazer menção a João Batista, que nasceu com o propósito de anunciar o salvador. João Batista cumpriu seu chamado, ele preparou o caminho para nosso Senhor. Ele anunciou aquele que estava para chegar, ele pregou e ensinou até que Jesus entrou em cena e mudou completamente a história de todos nós. 

Observo a vida de João Batista e vejo alguém inegavelmente empenhado em cumprir sua missão. 

Precursores são homens e mulheres que não descansam até que o que estão anunciando fique claro para todos. João Batista foi fiel até o fim, ele cumpriu em totalidade seu chamado e nos ensinou uma grande lição sobre como um precursor deve ser apaixonado pela sua missão e sua mensagem. Ele tinha uma das maiores características de um precursor, João Batista era apaixonado pela mensagem que nasceu para propagar. 

Paixão e fidelidade à mensagem. 

Precursores precisam ter paixão e fidelidade à mensagem que carregam. Observe o que o anjo Gabriel diz sobre João Batista: 

Mas o anjo lhe disse: Zacarias, não temas, porque a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua mulher, dará à luz um filho, e lhe porás o nome de João. E terás prazer e alegria, e muitos se alegrarão no seu nascimento, Porque será grande diante do Senhor, e não beberá vinho, nem bebida forte, e será cheio do Espírito Santo, já desde o ventre de sua mãe. E converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus, E irá adiante dele no espírito e virtude de Elias, para converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes à prudência dos justos, com o fim de preparar ao Senhor um povo bem disposto. Lucas 1:13-17.

Observe também o versículo abaixo:

Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; endireitai no ermo vereda a nosso Deus. Isaías 40:3 

Precursores anunciam muitas vezes coisas ainda não vistas, que ninguém imagina ser possível, pioneiros apaixonados por sua mensagem e sua missão. 

Uma geração como João Batista.

Hoje, Deus está nos chamando para sermos uma geração de homens e mulheres como João Batista, que estão dispostos a tudo para que o reino eterno seja propagado e o nome do Salvador seja anunciado e conhecido.

A vida de um precursor sempre aponta para o dono da mensagem. Que nossa vida possa anunciar as obras daquele que há de vir novamente, Jesus. 

E então verão vir o Filho do homem nas nuvens, com grande poder e glória. E ele enviará os seus anjos, e ajuntará os seus escolhidos, desde os quatro ventos, da extremidade da terra até a extremidade do céu. Marcos 13:26,27 

Cultivando uma vida de oração

“Está escrito: ‘A minha casa será chamada casa de oração’; Mateus 21:13

Qual é a imagem que vêm à sua mente ao ler e ouvir sobre ser casa de oração? Na prática, como é para você cultivar uma vida de oração? Talvez o estereótipo que vem à mente é de alguém que vive numa bolha ou realidade paralela e seja super espiritual. E talvez se você acompanha os nossos turnos de oração, pode ser que já tenha tido uma ansiedade misturada com frustração, pela vontade de também ter a oportunidade de passar longas horas do dia num ambiente assim.

Não vou negar que é fantástico o privilégio de poder interceder com parte do Corpo de Cristo e ter um ambiente, como a sala de oração, para isso. Além disso, acredito que o Senhor chama pessoas para viverem integralmente e ministrar a Ele e ao seu povo, num contexto de sala de oração. Mas, até mesmo os missionários intercessores precisam ter uma vida de oração e intimidade com o Senhor que vai além da sala de oração, precisa ser expressada em sua vida diária.

Está acessível para todos nós.

Então, o ponto central da minha conversa com você hoje é que uma vida de oração está acessível para todos nós, cristãos, não é um chamado para pessoas super espirituais ou para vivermos em uma bolha. Porém, é um convite do Senhor em sermos os seus amigos, estarmos atentos a Sua voz e mantermos o diálogo com Ele em meio às nossas rotinas. 

Sem dúvidas, para cultivar uma vida de oração é preciso diligência. No entanto, não deve ser confundida com um estilo de vida impossível de ser alcançado ou para um grupo seleto de cristãos. Mesmo agora, enquanto escrevo esse texto, estou enfrentando dificuldades em cultivar uma vida diária de oração. Estou ainda lutando para ter mais diligência e descobrindo como me relacionar com o Senhor nessa nova fase.  – Após quase três anos servindo em uma sala de oração, agora estou vivendo num contexto de missão transcultural em um país com uma língua e cultura diferentes.

Além disso, não tenho mais disponível a mesma quantidade de horas para simplesmente focar em orar com meus amigos numa sala de oração e em minha casa no meu tempo a sós com o Senhor.

Não é sobre a nossa força

Mas o que tenho ouvido do Senhor nesse tempo, é que nunca foi sobre quantidade de horas, mas o quanto o meu coração é sincero e está rendido a Ele. Mais importa a qualidade e a intenção do coração. Porventura, você também esteja passando pela mesma situação. Talvez você esteja tentando equilibrar e conciliar diferentes funções e trabalhos, talvez seja universitário, missionário, está no mercado de trabalho ou acabou de se tornar mãe, por exemplo. Enfim, não importa muito se você acredita que as condições estão cooperando a seu favor ou não, o Senhor quer nos encontrar em meio às nossas rotinas caóticas. Porque uma vida de oração acontece no ordinário: aqui e agora. 

Devemos nos lembrar que é o próprio Senhor que sustenta o nosso relacionamento com Ele. Ele não pode ser baseado e apoiado em nossa própria força. Mas é o Espírito Santo que nos ajuda e guia a toda a verdade. Isso não exclui que precisamos ser intencionais em nosso tempo com o Senhor, porém creio que Ele nos dá estratégias e sabedoria em como lidar com as nossas rotinas.

Eu poderia dar uma lista de dicas de como você pode priorizar o seu tempo com o Senhor, mas na verdade não existe uma receita. Mas se você e eu pedirmos sabedoria ao Espírito Santo, Ele dará.

Em meio a rotina, mantenha o seu diálogo com o Senhor, abra o seu coração e exponha os seus sentimentos. Esteja sensível à voz Dele, pois o Senhor é extremamente criativo em falar conosco. Ele deseja nos encontrar no contexto em que estamos inseridos e nos nossos afazeres. 

Chamados para comunhão

Então, peça ao Senhor que retire o peso da religiosidade dos seus ombros e comece a olhar para Ele, para aquele que sustenta todas as coisas e que anseia se relacionar conosco. O próprio Senhor plantou em nós o desejo pela comunhão.

A Palavra é clara, você e eu somos Casa de Oração. Então, por que não apropriar-se dessa verdade e começar a viver a partir dessa realidade de onde você estiver? 

“Rogo também por aqueles que crerão em mim, por meio da mensagem deles,

para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti.

Que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. “João 17:20,21

 

“Pedi uma coisa ao SENHOR, e a buscarei: que eu possa morar na casa do SENHOR
todos os dias da minha vida, para contemplar o esplendor do SENHOR e meditar no seu templo”. Salmos 27:4

Contemplar a beleza de Deus e inquirir no seu templo deve ser o objetivo central de nossas vidas. Neste lugar de fascínio e contemplação é onde temos diálogos com o Senhor e entramos em um relacionamento com Ele.

No verso acima, vemos riquezas nas palavras declaradas pelo rei Davi. O poder desta passagem está em sua simplicidade. Trata-se de um texto muito simples, mas que requer uma mudança de vida radical. Mesmo em meio às nossas imperfeições, devemos buscar inspiração na Palavra de Deus e Sua instrução para corrigir o nosso caminhar.

Neste texto, Davi não falava apenas dos anos em que viveu, mas também da era vindoura em que Cristo
irá reinar. Ele fala de uma realidade eterna para o povo de Deus. Portanto, ao contemplar a beleza de Deus e ser fascinado por Ele, estaremos focando agora naquilo que iremos fazer por toda a eternidade adiante de nós.

Contemplar a beleza de Deus

Em Apocalipse 4, João é levado aos céus e adentra a sala do trono de Deus, onde seres viventes contemplam o divino hora após hora, minuto após minuto, e o adoram sem cessar (Ap 4:8).

A realidade à qual Davi responde é uma realidade experimentada ao redor do trono de Deus constantemente. E é ali que se encontram os nossos destinos.

Assim como João contemplou o trono de Deus, nós também contemplaremos a beleza e o fascínio que, por milhões de anos, fascinam anjos.

Quando afirmamos que o nosso desejo é contemplar a beleza de Deus, estamos colocando os nossos olhos em algo eterno. Hoje podemos experimentar parcialmente aquilo que faremos por toda a eternidade.

A confissão de Davi em Salmos 27:4 é o resultado de uma vida inteira de escolhas e decisões. Davi não afirma que este era um único desejo do seu coração, mas expressa que o seu objetivo principal era viver uma vida sincera de devoção e piedade diante de Deus. É então que essas palavras deixam de ser apenas um objetivo e se tornam uma realidade.

Íntimos da Palavra

Não há como conhecer a Deus sem conhecer o Deus da Bíblia. Aqueles que querem sinceramente ser pessoas que buscam “uma coisa”, devem embarcar na jornada de conhecê-Lo através da Sua Palavra – ela é a principal ferramenta e uma dádiva do Senhor para que o conheçamos.

Não podemos substituir o estudo rigoroso da Bíblia. É preciso ler e permitir que as palavras se tornem vida dentro do coração. Muitos mantém um relacionamento simplesmente místico com Deus, falando palavras bonitas e românticas, mas se esquecem que contemplá-Lo é de fato conhecer o Deus que está por trás das Escrituras.

Um lugar de fascínio não é um suplemento nutricional da vida espiritual. Viver o reino de Deus em primeiro lugar exige uma total reorganização da vida inteira em torno deste objetivo.

Jesus prometeu algo para aqueles que buscam primeiro o Seu reino e a Sua justiça, em outras palavras, aqueles para quem a busca pelo fascínio e a beleza são o ponto central de suas vidas, e a promessa é que Ele cuidaria de acrescentar todas as demais coisas (Mt 6:33).

Essa é a experiência do reino de Deus: somos servos do Rei quando nossas prioridades e decisões são centradas na sua orientação, e nossas vidas são vividas em prol do Seu reino.

Neste mês aqui no Blog, temos conversado sobre o nosso DNA, quem somos e quais os motivos para fazer o que fazemos. Me pego revisitando a história e lembro do primeiro texto que escrevi neste espaço, ele fala do Amor Voluntário da Noiva

Abro o site e leio o texto produzido há mais de seis anos. Muitas coisas aconteceram ao longo do tempo e esta história de amor continua a crescer. O amor de uma noiva para com o noivo, o amor da Igreja pelo seu Senhor.

O clamor da noiva apaixonada

“Põe-me como selo sobre o teu coração, como selo sobre o teu braço, porque o amor é forte como a morte, e duro como a sepultura o ciúme; as suas brasas são brasas de fogo, com veementes labaredas.” Cânticos 8.6

Uma noiva apaixonada deseja o noivo sempre por perto. Se o noivo precisar se ausentar, ela não irá se conformar com a distância. Sente saudade que dilacera a alma. Pois, seu amor é como o fogo, é como intensas labaredas. Este amor não é passageiro ou superficial, é um amor que conduz ao compromisso mesmo em meio a necessidade de espera. Ela clama para que o noivo volte e permaneça eternamente ao seu lado.

O noivo lhe fez um pedido. Que ela o tenha como um selo em seu coração. O selo era um sinete feito de metal ou de pedra usado em torno do pescoço (sobre o coração) ou do braço. Podemos ler em Gênesis 38.18ª um trechinho da história de Judá e Tamar a respeito desse ornamento: “Respondeu ele: Que penhor te darei? Ela disse: O teu selo, o teu cordão…”.

A noiva transborda de amor e mantém a esperança de que o noivo logo retornará. Mas, ela não fica passiva, parada, esperando que o acaso o traga para casa. Doente de amor ela se prepara com seus enfeites e perfumes. E é intencional em espalhar sua mensagem. Ela quer que todos saibam que seu coração pertence ao amado de sua alma.

“Filhas de Jerusalém, jurem: se encontrarem o meu amado, digam que estou morrendo de amor.” Cânticos 5:8.

O casamento

Talvez você esteja ou já esteve apaixonado. Consegue se lembrar de como é a sensação? Do sentimento de que nada mais importa do que estar nos braços do seu amor e desfrutá-lo com intensidade e prazer? Quando se está perto o tempo passa rapidamente. Porém, quando se está distante é como uma cena em câmera lenta, isso sem falar na perda do apetite. Não se pensa em outra coisa, se não no objeto de devoção.

A Bíblia enfatiza a analogia do casamento, a Igreja é a Noiva que se casará com Cristo, o Noivo. Ela sente saudade, se prepara para o casamento, é intencional em sua forma de viver. Ela espera pelo amado de sua alma e conta a todas as Nações a mensagem do amor de Deus pelos pecadores. Enquanto espera, ela se junta ao Espírito e clama para que o Noivo venha.  

 “O Espírito e a noiva dizem: — Vem…” Apocalipse 22.17

 Mas como se preparar?

“Jesus respondeu: “Como podem os convidados do noivo ficar de luto enquanto o noivo está com eles? Virão dias quando o noivo lhes será tirado; então jejuarão.” Mateus 9:15

A Igreja apaixonada ama a Deus de todo o coração e acima de qualquer coisa. Por isso oramos dia e noite e por isso jejuamos e nos preparamos para as bodas do Cordeiro. Pois, queremos ser como as virgens prudentes da Parábola contada por Jesus. As insensatas possuíam lamparinas, mas o óleo não era suficiente para uma espera um pouco mais demorada. As prudentes, porém, além de suas candeias, tinham porções a mais de óleo, suficientes mesmo que o noivo demorasse. (Mateus 25.1-13).

“Amarás o Senhor, o teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e com todas as tuas forças.” Marcos 12.30

Acima de qualquer ato religioso, a Igreja do Final dos Tempos será extremamente amorosa. Em primeiro lugar para com Deus e depois para com o próximo. E aqui não falo de placas denominacionais e instituições organizadas, mas de uma Igreja invisível espalhada pela face da terra. Igreja a qual as portas do inferno não subsistirá (Mateus 16.18).

Como povo de Deus, nosso chamado é viver o primeiro mandamento, amar a Deus acima de todas as coisas. E este é um dos preceitos do porquê somos Casa de Oração. Como noiva de Cristo, amamos o Senhor sem reservas, entendendo o nosso papel e propósito e clamamos pela sua volta. Uma coisa é certa. A história não acabou e no final teremos um casamento.

Como igreja, temos alguns termos para nos ajudar a compreender nosso papel no reino de Deus. Hoje trataremos sobre sermos chamados de Corpo de Cristo. Esse termo foi utilizado pelo Apóstolo Paulo no Novo Testamento como uma metáfora para transmitir verdades muito significativas sobre a igreja e para nos ajudar a entender melhor o valor da nossa diversidade dentro da igreja.

Vale lembrar também, que a igreja muitas vezes é associada a um edifício, construção. Porém, a igreja a qual a Bíblia se refere é sobre um agrupamento de pessoas. Biblicamente, a igreja é todo o grupo de cristãos individuais que professam fé em Cristo, em nenhum lugar da Bíblia a igreja é equiparada a um edifício ou estrutura. E a fé em Jesus é o único requisito para se tornar parte do Corpo de Cristo.

Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.

Não vem das obras, para que ninguém se glorie; Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas”. (Efésios 2:8-10)

Entendo o significado da União com Cristo

Primeiramente, precisamos tirar toda a expectativa de compreender em plenitude esse conceito, o próprio Apóstolo Paulo nos diz que é um mistério: “Esse mistério é grande, me refiro a Cristo e à igreja” (Ef. 5:32). Temos dois lados dessa união, de um lado a que estamos em Cristo: “Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação, as coisas velhas já passaram, e surgiram coisas novas” (2 Cor. 5:17). Do outro lado dessa união temos Cristo em nós: “Cristo em vós, a esperança da glória” (Cl 1:27).

Do mesmo modo, Jesus também fez uma analogia falando dessa união quando disse que ele era a videira e nós os ramos: “Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” (Jo 15:4-5). O elo dessa união que nos une a Cristo é o Espírito Santo logo, não é uma união de pessoas em uma essência, ou seja, não é um vínculo físico: “Aquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos há de dar vida também aos vossos corpos mortais, pelo seu Espírito, que em vós habita” (Rm 8:9-11).

Igualmente, Paulo vai usar a analogia do marido e esposa, porém ainda assim é difícil compreendermos essa união em sua plenitude. Mas sabemos que ela se refere tanto a igreja em todo mundo quanto às igrejas locais. O Espírito Santo desempenha um papel importante em unir indivíduos a Cristo através da habitação, batismo e o seu selo em nós. Assim, somente aqueles que foram batizados pelo Espírito Santo, ou seja, salvos pela graça por meio da fé, podem se unir à igreja.

A igreja como Corpo de Cristo

Com efeito, essa expressão enfatiza a ligação entre a igreja, como um grupo de cristãos, e Cristo. A nossa salvação é grande parte resultado dessa união com Cristo. Essa imagem da igreja como Corpo de Cristo remete também à interligação entre todas as pessoas que constituem a igreja. Como já vimos a igreja sendo esse conjunto de pessoas e não a estrutura construída. As Escrituras usam distintamente a frase “Corpo de Cristo” para demonstrar a identidade e unidade dos cristãos em Cristo.

Desse modo, quando a Bíblia diz que somos o corpo de Cristo, a metáfora começa com uma imagem de Jesus como a cabeça do corpo. Significando que ele é o Senhor encarnado. Ele é aquele que literalmente veio do Céu para este mundo, tomando um corpo para si. Em sua vida encarnada, Jesus nunca deixou de ser Deus, mas tomou totalmente para si nossa humanidade. Nós, cristãos, seguimos a Cristo, ouvimos a Cristo e deixamos Cristo guiar nossos passos, assim como a cabeça do corpo faz. Da mesma forma, este termo para a igreja reconhece a diversidade dentro do corpo de Cristo e como isso é bom para a igreja. 

Como resultado, o corpo precisa de muitas partes, ou seja, muitos dons, talentos e habilidades para funcionar. Nós precisamos trabalhar juntos para cumprir a missão que Jesus nos deu. Em vez de tentar fazer a mesma coisa, cada um de nós pode contribuir com aquilo que Deus nos chamou para fazer e ser. O corpo deve estar unido. Todas as barreiras étnicas e sociais foram removidas, como Paulo disse: “Onde não há grego, nem judeu, circuncisão, nem incircuncisão, bárbaro, cita, servo ou livre; mas Cristo é tudo, e em todos. (Colossenses 3:11).

 Por que chamamos a igreja de Corpo de Cristo?

Por fim, podemos dizer que chamamos a igreja de Corpo de Cristo pela grandiosidade que é esse mistério. É muito mais do que apenas uma metáfora. É literalmente quem fomos constituídos pela verdade do Evangelho, pelo Espírito que habita em nós e pelos dons que recebemos. Portanto, devemos nos alegrar e devemos nos concentrar em como vivemos à luz do dia em que ele voltará para terminar de fazer novas todas as coisas.

Sem dúvida, Cristo em nós é a base da fé e esperança. Ele é a cabeça de seu corpo, logo somos guiados por ele. Estamos unidos a ele, o cabeça, e somos nutridos por meio de Cristo. Como o corpo de Cristo, nós somos a extensão do ministério do cabeça, Cristo Jesus. Ele enviou seus discípulos para evangelizar, batizar e ensinar e devemos continuar a fazer o mesmo: ”Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai”. (João 14:12).

Por fim, a obra de Cristo para ser feita, precisa ser realizada pelo seu corpo, a igreja. Cada um de nós é importante para a igreja e cada cristão é uma parte necessária do Corpo de Cristo. Essa diversidade é algo a ser festejado e reconhecido como parte do grande projeto de Deus para a sua igreja. Temos diferentes habilidades, propósitos e dons espirituais, mas cada cristão é igualmente importante para o pleno funcionamento, missão e eficácia da igreja.

“Mas agora Deus colocou os membros no corpo, cada um deles como quis. E, se todos fossem um só membro onde estaria o corpo? Assim, pois, há muitos membros, mas um corpo”. (1 Coríntios 12:18-20).

O que fazer, orar ou ir?

Isso não é um paradoxo! 

Ao mesmo tempo que o Senhor nos chama para o lugar de devoção, Ele também nos comissiona para ir para fora e pregar o Evangelho. Pode até parecer que esses são dois movimentos opostos, mas na verdade um não é possível sem o outro. Uma devoção saudável necessariamente se expressa em obras e, da mesma forma, o “Ide” jamais deverá ser feito às custas da nossa comunhão com Deus. Desligados da Videira não podemos realizar nada.

Então, o que fazer?

Imagine a realidade de ministrar a Deus (lugar secreto) e ministrar aos homens (evangelismos e atos de justiça) como uma porta giratória. No lugar de oração nós conhecemos a Deus e o Seu coração pela humanidade, e então, com o entendimento correto e um coração queimando, nós cruzamos essa porta e vamos de encontro aos perdidos.

Quando vemos a realidade do mundo, o pecado e a injustiça que o degrada, precisamos entrar por essa porta e dialogar sobre isso com o Senhor. Nós não somos a régua sobre o que é certo e errado, precisamos alinhar o que sentimos com o que a Palavra declara, para que o nosso coração não se ofenda contra os homens e contra Deus.

 

ORAR E IR⠀

Como Igreja, esse precisa ser o nosso movimento contínuo, ORAR E IR, não como dois passos diferentes, mas como duas faces da mesma ação. Nos dedicar ao Senhor no lugar de devoção e estudo das Escrituras não nos exime do dever e do privilégio de fazer parte da Grande Comissão e vice-versa.

Nós somos a Luz do Mundo e o Sal da Terra. Temos a essência, porém, precisamos nos posicionar da maneira correta, para que a nossa vida reflita Aquele que nos chamou.

 

Originalmente publicado em 20 de fevereiro de 2020

A prática do Jejum

O jejum tem sido praticado ao longo da história do evangelho. Em muitas épocas e situações distintas podemos observar personagens e líderes se levantando para convocar o povo de Deus a jejuar e orar, demonstrando assim, total dependência do Senhor. Não sei qual é a sua referência bíblica preferida quando se trata da prática do jejum, mas neste devocional, quero refletir a respeito de alguns homens que podem nos ensinar sobre essa disciplina espiritual.

Esdras e o jejum de uma comunidade

Esdras retornou a Jerusalém após um longo período de exílio do povo de Deus. Era preciso restaurar a nação e isso não se limitava a uns poucos escolhidos. Muitos seriam os perigos enfrentados no decorrer do caminho e ele sabia muito bem dessa realidade.

Quando Artaxerxes o enviou de volta para Jerusalém, o escriba sentiu vergonha de pedir um exército para protegê-los, pois tinha dito ao rei que a boa mão do Senhor os guardaria. Porém, diante de tudo o que podia lhes acontecer, de todos os perigos e tragédias, do medo e das inseguranças, vemos Esdras conduzindo o povo por um caminho de confiança e total dependência a Deus. Um caminho de humildade e reconhecimento de que a proteção de Deus é melhor que a proteção dos homens.

“Então, apregoei ali um jejum junto ao rio Aava, para nos humilharmos perante o nosso Deus, para lhe pedirmos jornada feliz para nós, para nossos filhos e para tudo o que era nosso. Porque tive vergonha de pedir ao rei exército e cavaleiros para nos defenderem do inimigo no caminho, porquanto já lhe havíamos dito: A boa mão do nosso Deus é sobre todos os que o buscam, para o bem deles; mas a sua força e a sua ira, contra todos os que o abandonam. Nós, pois, jejuamos e pedimos isto ao nosso Deus, e ele nos atendeu”. Esdras 8:21-23

E você sabe o que aconteceu durante a travessia? Deus ouviu o clamor do seu povo e respondeu aquele jejum com proteção e tudo mais que eles precisavam. E essa história não é diferente do que o Senhor quer e pode fazer por nós.

Libertação que se iniciou com Jejum

História semelhante ocorreu com Neemias que também era um refugiado, um copeiro do rei dos Persas. Quando seu irmão veio visitá-lo, ele ouviu sobre a condição lamentável de sua nação:

“veio Hanani, um de meus irmãos, com alguns de Judá; então, lhes perguntei pelos judeus que escaparam e que não foram levados para o exílio e acerca de Jerusalém”. Disseram-me: Os restantes, que não foram levados para o exílio e se acham lá na província, estão em grande miséria e desprezo; os muros de Jerusalém estão derrubados, e as suas portas, queimadas”. Neemias 1.2-3

Aquela notícia foi terrível para o coração de Neemias, ele se assentou, chorou, lamentou e jejuou. Você consegue imaginar tal realidade em nossos dias? Nos momentos em que formos pegos pelas más notícias ao assistirmos os jornais ou vemos a internet? As tragédias assolam a humanidade, a cidade onde moramos e até mesmo os vizinhos ao redor. Lamentamos, às vezes choramos, mas até que ponto nos compadecemos de forma a “perder” a fome para buscarmos a Deus. Pode ser difícil perder a fome, mas podemos jejuar voluntariamente se nosso coração se quebrantar no Senhor.

Ao lermos a oração de Neemias no capítulo 1 de seu livro, mais uma vez somos tomados por um exemplo de confissão de pecados, humilhação e dependência de Deus. Esse é um dos propósitos do jejum: tornar nosso coração terno para com Jesus. Deus resiste ao soberbo, mas dá graça ao humilde (Tiago 4.6).

Quando uma comunidade se reúne para orar e jejuar

Atualmente não resido em Florianópolis e uma das coisas que mais sinto falta é de poder jejuar em comunidade como na fhop. Jejuar traz desafios, e fazer esse propósito como comunidade local é extremamente poderoso, tanto no coletivo como individualmente.

Hernandes Dias Lopes afirma que: “Jejuar é se abster de algo legítimo, bom, para apropriar-se de algo melhor. Se abster do alimento do corpo para buscar comunhão com Deus.”  

Quando os recursos humanos se esgotam é o momento providencial para voltarmos a Deus em oração e jejum, pois a ajuda de Deus é mais poderosa que a ajuda de homens fortes.

Lembre-se que o próprio Jesus só começou seu ministério após ser batizado e passar por um longo período de 40 dias de jejum. Isso foi o que ele mostrou como a preparação para o seu lançamento como líder e salvador dos homens.

Neste jejum, nosso foco de oração tem sido: A Igreja de Cristo; Um romper do Senhor no Brasil e a Conferência Onething 2022

Um convite a fraqueza

Não sei como você chegou nesse texto, confesso que o título não é nada atrativo. Afinal, quem convida alguém a fraqueza? E quem em sã consciência aceitaria? É um convite radical direcionado a corações apaixonados. Vamos falar sobre o jejum e um dos efeitos dele sobre nós: fraqueza

Se você já aceitou o desafio de fazer um jejum alguma vez na vida, você já deve saber que o jejum é como uma prensa, ele extrai de nós o que temos para ser extraído. É desconfortável e por vezes agoniante. 

Desejos não concedidos são barulhentos

Um dos chamados intrínsecos no chamado ao jejum é o convite a abraçar fraqueza voluntária.  Quando intencionalmente nos abstemos de prazer, conforto ou necessidades humanas básicas, como a comida ou entretenimento, podemos ver saindo de nós várias respostas. Literalmente não deixamos de alimentar e fortalecer quem normalmente tem a voz de comando na nossa vida e isso tem um efeito colateral.

Somos seres nascidos e criados para prazer. Somos formados por desejos. Não percebemos muito isso até que esses desejos não sejam supridos. Quando suas vontades são negadas eles como crianças birrentas, fazem escândalo querendo serem obedecidos a qualquer custo.

Mike Bickle fala que “Uma das primeiras coisas que descobriremos quando nos entregarmos ao jejum e à oração, e ao silenciar a carne é que nosso clamor interno é mais escandaloso do que imaginávamos. Nada revela o quanto nossos desejos e anseios são barulhentos até eles terem seus apelos negados.” (As Recompensas do Jejum, pg. 75)

Esse barulho nos denúncia: não somos tão fortes ou espirituais como achávamos, somos fracos e necessitados de misericórdia urgente. Por incrível que pareça na constituição do reino de Deus isso é uma coisa positiva e boa para nós. 

Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados. – Mateus 5:3,4

Por que eu abraçaria a fraqueza? 

Essa resposta é simples: porque Jesus abraçou a fraqueza! Vamos lembrar das palavras de instrução de Paulo em Filipenses 2:

Tenham a mesma atitude demonstrada por Cristo Jesus. Embora sendo Deus, não considerou que ser igual a Deus fosse algo a que devesse se apegar. Em vez disso, esvaziou a si mesmo; assumiu a posição de escravo e nasceu como ser humano. Quando veio em forma humana, humilhou-se e foi obediente até a morte, e morte de cruz.  Filipenses 2:5-8

O jejum é um dos métodos pedagógicos de Deus para doutrinar nosso corpo, mente e coração a escolher e buscar o que realmente importa, o que realmente é necessário. É como bradar ao Senhor, mesmo em dor e agonia da nossa carne: “- Deus, você é a coisa mais importante, posso viver sem comida, sem prazeres, sem conforto, mas não posso viver sem você!”. E pregar para a própria alma: “- Oh minh’alma, deleite-se no Senhor, todo seu anseio é pelo seu Criador. Você será suprida, Ele é suficiente”.

Catalizador de santificação 

A exposição a fraqueza do jejum vai nos deixar mais conscientes de como ainda somos carnais, idólatras, egocêntricos e egoístas. Nosso único escape nesse cenário é correr para Deus, que por outro lado está abastecido de graça abundante e pronta para ser liberada em nossa direção. Graça essa que vem com favor para viver de maneira digna do chamado e pulsantes no primeiro e maior mandamento: amar ao Senhor com todo coração, alma, força e entendimento. A consciência pode ser encaminhada ao arrependimento e logo a transformação.

Alinha os afetos – “teu amor é melhor que o vinho”

O jejum vai fazer a carne perder forças, ser desmascarada e morrer. Ao mesmo tempo que seu homem interior será fortalecido e abastecido com a verdadeira comida, seus afetos e desejos serão reconduzidos e reeducados. Ou seja, o prazer em Deus aumenta. 

Chegaremos cada vez mais à percepção de que “o seu amor é melhor que o vinho” (Cantares 1:2). Essa declaração não diz só que Deus é melhor que o pecado, mas que ele também é melhor que os prazeres lícitos. Nossos amores serão realinhados a viver a premissa que Deus é melhor que a mentira, inveja, imoralidade e drogas. Mas também aprenderá que Deus é melhor que comida gostosa, um bom casamento, amor dos filhos, sucesso no emprego, ministério ungido. 

A dinâmica do reino é confusa e de cabeça para baixo para nós, porém é completamente o tipo de vida que fomos criados para ser e funcionar, ainda que o pecado nos puxe ao contrário. Minha oração por nós é que o anseio pela intimidade e conexão com Deus nos faça como Maria de Betânia, João Batista, Daniel e Paulo que escolheram a sua coisa mais importante que organiza nossas prioridades e anseios. Abraçando a fraqueza foram fortes em Deus.

Eu canto porque vivo

Desde quando nascemos nos envolvemos em várias situações musicais. Já dormimos ao som da voz materna a cantar. Aprendemos canções na infância e além disso, cada um de nós também desenvolveu seu próprio gosto musical. Canções fazem parte da experiência de viver de modo que é verdade o que disse um filósofo: “Sem a música, a vida seria um erro¹”.

Entretanto, como cristãos não somos abandonados em nossa própria experiência sobre a vida. O crente necessita observar todas as coisas a partir do ponto de vista do Autor de todas as coisas. Isso quer dizer que, mais importante do que a música é para nós, é o que a música foi criada para ser. Para nós, cantar e ouvir música pode ser entretenimento, diversão e até mesmo profissão. Para Deus, no entanto, é um maravilhoso instrumento dado aos homens para o louvor da Sua Glória. Isso quer dizer que se cantamos ou ouvimos música, seja por diversão, entretenimento ou profissão, devemos com isso glorificar a Deus acima de tudo. Este é o objetivo final.

Cantar ao Senhor

Em toda a história do povo de Deus a música vem sendo utilizada como instrumento de adoração e gratidão. Ao cantar ao Senhor o Seu povo expressava um coração grato e rendido à Ele. Vejamos, por exemplo, o cântico que Israel cantou depois de atravessar o mar vermelho em Êxodo 15. Podemos também, observar a riqueza de cânticos que é o livro de Salmos. Além disso, conhecemos a história de Davi, o rei que conduziu Israel em adoração ao Senhor. Essas e outras narrativas bíblicas contribuem para a máxima de que: ao cantar as canções do Senhor o povo de Deus estava reconhecendo quem Ele é.

O evangelho de Mateus (26:30) nos revela um momento em que o próprio Jesus cantou um hino. Além do mais, sabemos que Cristo também frequentava sinagogas e cantar o saltério era algo comum da liturgia judaica. Portanto, não é de se admirar que os primeiros cristãos que passaram a seguir o Mestre continuavam cantando os salmos e a Palavra. É como o próprio Paulo parece encorajar em sua carta aos efésios (5:19). Assim, até mesmo hoje, no século 21, quando cantamos a Palavra de Deus, estamos nos juntando ao povo de Deus de todas as épocas.

Cantar no que acredita ou crer no que canta?

O ato de cantar canções no culto ao Senhor provocou várias tensões e reflexões durante a história da igreja. Canções eram compostas para engrandecer ao Senhor no culto, ensinar os crentes a respeito da verdade e até mesmo para combater eventuais heresias. A conclusão que a igreja cristã chegou no decorrer de seus anos foi: “A igreja crê naquilo que ela ora e canta².” Por isso, uma igreja saudável, que crê na verdade da Palavra, canta a própria Palavra. Em outras palavras, a prática da fé segue a nossa prática de oração e adoração. Se cantamos e oramos desconexos da verdade absoluta da Palavra isso acarretará um prejuízo à genuína fé que deve ser cultivada em nós.

Há um ditado popular que diz: “Quem canta seus males espanta.” Sem querer entrar a fundo na veracidade do dito é de se observar algo: a música e o ato de cantar provocam em nós coisas que no momento não são visíveis. Podem ser sentimentos, valores ou mensagens. Absorvidos pelo homem interior e processados. A música tem essa característica bela e Deus a fez assim. Quando falamos da combinação “Palavra de Deus + cantar”, não podemos simplesmente negligenciar tal instrumento dado por Deus para a edificação da nossa fé. Cantar em si, não possui nenhum poder comparado com o poder que possui a Palavra de Deus. Entretanto, quando unidos, os dois elementos se tornam a arma da igreja contra a frieza espiritual.

Muito mais que uma grande ideia

“Aleluia! Como é bom cantar louvores ao nosso Deus; quão agradável e apropriado é louvá-lo.” Salmos 147:1

Minha intenção com esse texto não é apenas provocar um comprometimento entre os compositores, músicos e cantores a respeito das canções que serão cantadas nas igrejas. Escrevo para todos que foram feitos discípulos de Jesus. Que possamos cantar as canções que Jesus cantou. Seja em nosso culto comunitário ou momento de devoção, que possamos cantar Suas palavras e a respeito do que Ele fez e de quem Ele é. Essa, muito mais que uma grande ideia, é a Sua vontade.

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Referências:

1 Famosa frase de Friedrich Nietzche, filósofo alemão. Apesar de ter morrido como ateu, Nietzche teve uma infância cristã e era apaixonado por música.

2 Esse é um notável lema na tradição cristã: Lex orandi, lex credendi.

Texto originalmente publicado dia 30 de julho de 2020