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A paz de Cristo

Estudo Bíblico

Jesus veio para trazer paz ao mundo. Ao custo de sua própria vida, Ele instaurou um reino de paz, justiça e retidão, e restaurou o nosso relacionamento com Deus. Jesus quebrou o elo da inimizade que havia entre o homem e o Senhor, trazendo reconciliação.

Assim, ter a paz de Cristo reinando em nossos corações é uma ordenança, um mandamento.

Que a paz de Cristo seja o juiz em seus corações, visto que vocês foram chamados a viver em paz, como membros de um só corpo. E sejam agradecidos. Colossenses 3:15

A paz que Cristo providencia tem dois impactos principais: Ele nos dá a paz com Deus, mas também nos dá a paz uns com os outros.

Todos nós éramos inimigos de Deus. Éramos rebeldes devido ao nosso pecado – tudo aquilo que a mente e o coração desejam e se opõe à natureza divina é inimizade com Deus. Mas, para todo aquele que crê na justificação por meio de Cristo, já não há mais inimizade e distanciamento entre ele e o Senhor (Romanos 5:1; 8:7-8).

Cristo desfez a inimizade entre gentios e judeus, derrubando a parede que fazia separação entre dois povos (Efésios 2:14). Por isso, hoje temos a Igreja como uma comunidade formada por pessoas diversas, de diferentes históricos de vida, classes sociais, culturas, etc. Mas unidas por algo em comum: a fé no Senhor Jesus. Há unidade por meio de Cristo.

Sendo assim, Paulo nos orienta de três formas a como viver a paz de Cristo em um mundo hostil:

Submeta-se à paz de Cristo.

Devemos nos revestir do amor de Cristo (Cl 3:14), não permitindo que outras coisas – preocupações, medos, hostilidade, preconceitos etc. –roubem a nossa fé.
O Evangelho chama o povo de Deus para a ação. Por isso, é preciso nos esforçarmos conscientemente para viver e ter a Sua paz reinando em nosso meio.
A paz de Cristo deve ser o juiz em nossos corações, determinando o certo e o errado, o bom e o ruim, trazendo a nós maturidade e estabilidade. Nenhuma outra voz deve disputar ou tomar o lugar da paz de Cristo – ela deve ser a autoridade máxima em nossas vidas.

Tenha o caráter de Cristo.

Paulo destaca as características essenciais de serem vividas por uma comunidade de fé, para que haja unidade no Corpo: compaixão, bondade, humildade, mansidão, paciência e perdão. E ainda acima de todas elas, deve estar o amor, que não pode vir de outro, senão de Cristo (Cl 3:12-15).

Seja agradecido.

A gratidão é uma das principais formas de permitir que a paz de Cristo reine em seu coração. Ao considerarmos o que Jesus fez por nós, para nos reconciliar e nos perdoar, não há outra atitude senão expressar gratidão.

Quanto mais agradecidos nós somos pelo que Jesus fez, mais experimentaremos da Sua paz em dias difíceis e hostis. Oro para que sejamos gratos pela paz de Deus, e gratos uns pelos outros.

Para muitas pessoas, este é o mês mais doce do ano, porém, para os cristãos, há um significado mais profundo. A primeira Páscoa aconteceu a muito, muito tempo atrás, mas, desde a sua primeira aparição, ela já apontava para Cristo manifestando a graça que alcançaria as nações.

Deus não está alheio aos acontecimentos da história, Ele escolheu nos dar o livre arbítrio. Foi assim com Adão e Eva e ainda é assim conosco. Desde que o homem pecou, ele trouxe para si julgamento. Contudo,  Deus sempre teve um plano para nos trazer de volta para Ele e nos livrar da escravidão do pecado. Da mesma forma como libertou Israel do cativeiro na terra de faraó.  

Relembrar a primeira Páscoa é muito importante para compreendermos o significado da Cruz e porque Jesus se entregou como o Cordeiro Pascal. O que começou no Gênesis, teve várias sequências de acontecimentos e hoje, vamos nos lembrar de alguns deles que aconteceram com o  povo hebreu.

 

Contexto histórico 

Talvez você já conheça a história do sonhador José e de como ele foi vendido como escravo por seus irmãos. Após um longo tempo e vários episódios, ele passou de prisioneiro para um líder no Egito, abaixo apenas de faraó. Deus usou  José para amenizar a fome que viria sobre a terra. Esse episódio até proporcionou o seu reencontro com sua família no Egito, após muitos anos. A descendência de José se tornou um povo  numeroso e forte. (Gênesis 37-50) 

Com a morte de José e a multiplicação dos hebreus, faraó se sentiu ameaçado e impôs cargas pesadas e muito sofrimento para o povo de Deus.

“Faleceu José, e todos os seus irmãos, e toda aquela geração. Mas os filhos de Israel foram fecundos, e aumentaram muito, e se multiplicaram, e grandemente se fortaleceram, de maneira que a terra se encheu deles. Entrementes, se levantou novo rei sobre o Egito, que não conhecera a José. Ele disse ao seu povo: Eis que o povo dos filhos de Israel é mais numeroso e mais forte do que nós.

Eia, usemos de astúcia para com ele, para que não se multiplique, e seja o caso que, vindo guerra, ele se ajunte com os nossos inimigos, peleje contra nós e saia da terra. E os egípcios puseram sobre eles feitores de obras, para os afligirem com suas cargas. E os israelitas edificaram a Faraó as cidades-celeiros, Pitom e Ramessés. Mas, quanto mais os afligiam, tanto mais se multiplicavam e tanto mais se espalhavam; de maneira que se inquietavam por causa dos filhos de Israel;” Êxodo 1:6-12

 

Um bebezinho em um cesto

Mesmo diante da aflição, o povo de Deus continuou a crescer. Então, faraó teve uma ideia maligna. Ordenou as parteiras que observassem as crianças ao nascerem, se fossem meninas, poderiam deixá-las viver, mas se fossem meninos elas deveriam matá-los. A Bíblia nos narra que elas temeram ao Senhor e  não obedeceram a Faraó. Então, ele ordenou a todo o seu povo que lançassem os meninos no rio Nilo e apenas as meninas deixassem viver. (Êxodo 1:15-22)

 “Foi-se um homem da casa de Levi e casou com uma descendente de Levi. E a mulher concebeu e deu à luz um filho; e, vendo que era formoso, escondeu-o por três meses. Não podendo, porém, escondê-lo por mais tempo, tomou um cesto de junco, calafetou-o com betume e piche e, pondo nele o menino, largou-o no carriçal à beira do rio.” Êxodo 2:1-3

Essa é uma narrativa emocionante, daquelas que tiram o nosso fôlego só de imaginar: e se fossem nossos filhos,  tomados de nossos braços e lançados à morte? Este episódio também é um prenúncio do que Jesus sofreria ao nascer, sendo perseguido por Herodes que mandou matar todos os meninos. Mas, a história não acaba com um bebê morto em um rio, na verdade, tem um desfecho impressionante. 

A irmã do pequeno neném, ficou seguindo  a cestinha levada pelas águas do Nilo. E, pelo propósito de Deus, um bebê à deriva se torna um príncipe. Pois, o Senhor tinha um plano para livrar o seu povo das garras da escravidão. O tempo passaria e logo a primeira Páscoa seria comemorada.

 

Deixa o meu povo ir 

Aquele jovem príncipe teve muito a aprender pelo caminho. Cometeu erros e até matou um egípcio. Fugiu para o deserto e no meio  de  uma sarça ardente, ouviu: “Eu sou o Deus de teu Pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó.” (Êxodo 3.6).

“Disse ainda o Senhor: Certamente, vi a aflição do meu povo, que está no Egito, e ouvi o seu clamor por causa dos seus exatores. Conheço-lhe o sofrimento; por isso, desci a fim de livrá-lo da mão dos egípcios e para fazê-lo subir daquela terra a uma terra boa e ampla, terra que mana leite e mel; … Pois o clamor dos filhos de Israel chegou até mim, e também vejo a opressão com que os egípcios os estão oprimindo. Vem, agora, e eu te enviarei a Faraó, para que tires o meu povo, os filhos de Israel, do Egito.” Êxodo 3:7-10 

Moisés não se sentia apto para a tarefa, mas obedeceu ao Senhor. Ele se colocou diante do novo faraó.  Mas, como este último era duro de coração, ele resistiu ao Senhor. Então,  Deus enviou dez pragas, sendo a última a morte de todos os  primogênitos do Egito.

 

A décima praga e a primeira Páscoa

 “Moisés disse: Assim diz o Senhor: Cerca da meia-noite passarei pelo meio do Egito. E todo primogênito na terra do Egito morrerá, desde o primogênito de Faraó, que se assenta no seu trono, até ao primogênito da serva que está junto à mó, e todo primogênito dos animais. Haverá grande clamor em toda a terra do Egito, qual nunca houve, nem haverá jamais;” Êxodo 11:4-6

Essa foi a maior e mais terrível praga. Quanta dor e sofrimento? Mas, para o povo de Deus haveria proteção. Um cordeiro sem defeito deveria ser tomado e imolado: “Tomarão do sangue e o porão em ambas as ombreiras e na verga da porta, nas casas em que o comerem; naquela noite, comerão a carne assada no fogo; com pães asmos e ervas amargas a comerão.” (Êxodo 12:7-8) Eis a primeira Páscoa!

“O sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; quando eu vir o sangue, passarei por vós, e não haverá entre vós praga destruidora, quando eu ferir a terra do Egito. Este dia vos será por memorial, e o celebrareis como solenidade ao Senhor; nas vossas gerações o celebrareis por estatuto perpétuo.” Êxodo 12:13,14

 

Conclusão – A primeira Páscoa já revelava Jesus

O pecado é como a escravidão, ele é opressivo, nos aflige e faz sofrer. Mas, Deus vê e ouve nosso anseio por liberdade. Ele enviou livramento. Enviou a Jesus como sacrifício pelos nossos pecados: “… Pois também Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado. 1 Coríntios 5:7 

Nós comemoramos a Páscoa todas as vezes que nos lembramos do sacrifício de Jesus na cruz. Tomamos a Ceia do Senhor reconhecendo que seu corpo foi partido por nós e que o seu sangue foi vertido para nos salvar. Como na primeira Páscoa, nos tornamos livres. Nosso maior inimigo foi vencido, a morte eterna derrotada. Jesus ressuscitou! Ele vive e nós vivemos com Ele. 

“Porque eu recebi do Senhor o que também vos entreguei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; e, tendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. Por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim. Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha.” 1 Coríntios 11:23-26

 

O Senhor que sustenta

No último texto da série, lemos a respeito de como acontece a proteção do Bom Pastor e como é a sua liderança em nossas vidas quando as circunstâncias ao redor não são favoráveis.

No texto de hoje vamos refletir especificamente no verso 5 de Salmos 23. Vamos compreender o significado dos dizeres do salmista sobre a mesa, o óleo e o cálice e, assim, perceber o cuidado perfeito do Pastor. Afinal, é o Senhor que sustenta

“Preparas para mim uma mesa diante dos meus inimigos;
unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda.” Sl 23:5

O Senhor sempre cuida de nós: seja como pastor, seja como hospedeiro — alguém que nos recebe em sua casa como hóspedes.

Deus usa, em Sua palavra, as figuras de coisas materiais para falar a respeito de coisas espirituais: neste versículo, temos a mesa, o óleo e o cálice.

A mesa

A mesa mostra que o Senhor nos sustenta nos dando força. Através dela o hospedeiro recebe o cansado, aquele que passou pelo deserto, em sua casa, onde ele prepara uma farta mesa para seus hóspedes. Portanto, trata-se de um lugar de renovo e fortalecimento.

Assim, temos a imagem do Senhor nos recebendo e nos servindo com grande alegria e fartura, providenciando abundantemente tudo aquilo de que precisamos. Essa imagem nos mostra que Ele nos fortalece e nos sustenta, mesmo em meio às dificuldades que enfrentamos ao longo da vida.

Assim como o Senhor fez com Davi, fornecendo provisão em meio ao caos e à perseguição, nós também experimentamos isso em Cristo. Sendo assim, quando nos sentimos sobrecarregados em meio às muitas aflições da vida, Ele nos revigora e nos sustenta.

O óleo

O óleo fala a respeito de propósito. Vemos isto no Antigo Testamento, quando homens eram ungidos com um propósito específico. Assim, estes homens eram cheios do Espírito e eram capacitados pelo Senhor. Ao serem ungidos com óleo, havia um derramar abundante que transbordava deles.
O mesmo ocorre conosco quando somos recebidos pelo Senhor: recebemos a Sua unção em abundância, pois é derramado sobre nós o Espírito Santo e a Sua plenitude. E o nosso propósito é que fomos criados para a glória de Deus; como filhos de Deus e representantes do Rei nesta terra, devemos conhecer a Deus e glorificar a Ele. À medida que nos assentamos à Sua mesa, Ele nos unge e nos dá um propósito, e esse propósito nos fortalece.

O cálice

O transbordar do cálice significa que o Senhor nos dá alegria. Deus nunca prometeu uma vida perfeita, sem dificuldades ou desafios, mas Ele nos promete alegria ao longo da jornada. Portanto, se não compreendermos isso, viveremos murmurando e não experimentaremos o sustento que há em nos regozijarmos no Senhor mesmo em meio às dificuldades. No vale da sombra da morte ou na presença dos nossos inimigos, sentimos a presença do Senhor nos sustentando.

Deus não apenas nos enche, mas nos faz transbordar da Sua alegria. No Senhor existe uma fonte inesgotável de alegria; não se trata simplesmente de um encher, mas um transbordar. Não é por nosso próprio mérito que isso está disponível para nós; mas porque em Cristo Jesus, somos abençoados com todas as bênçãos espirituais (Ef. 1:3).

A plenitude em Cristo

Sem Cristo, não há banquete, propósito ou alegria. Sem Ele, estamos destinados ao nosso próprio caminho que leva à morte.
Vemos na Palavra que Cristo se assentou à mesa com seus discípulos, declarando que se entregaria por amor a nós. Ele é o pão da vida (João 6:33,35), o verdadeiro sustento, do qual devemos nos alimentar.

Cristo foi ungido para o seu próprio sepultamento. Maria o ungiu com um frasco de perfume, preparando-o para o propósito de morrer em uma cruz (João 12:3,7).

Cristo bebeu da taça da ira divina (Mt 26:39). Assim, Ele experimentou o julgamento pelo pecado da humanidade e levou sobre si o castigo que nós merecíamos por sermos inimigos de Deus. Jesus bebeu do cálice da ira divina, para que nós pudéssemos beber do doce cálice que transborda da alegria que há em Deus, da intimidade e da satisfação que encontramos Nele.

O Senhor que sustenta

Portanto, as ovelhas ouvem a voz do seu Senhor e o seguem (João 10:3). Assim, que possamos ouvir a voz do Bom Pastor, aquele que deseja nos hospedar, preparar para nós um banquete e sustentar-nos em todos os momentos. Nada nos faltará pois Ele estará presente.

Nessa breve reflexão, vamos estudar o finalzinho da  carta de Tiago. Visto que, nos últimos capítulos o autor fala sobre o poder da paciência até a vinda do Senhor. 

A paciência de um agricultor

A vida espiritual é como o trabalho de um agricultor. Ela tem o seu tempo de plantação, de uma longa espera e, finalmente, de uma colheita abundante. Assim como para o agricultor, o coração do cristão é moldado ao longo de toda a sua vida para que a semente da Palavra  seja constantemente firmada em todas as épocas de sua vida 

O agricultor não pode ter pressa e impaciência para cuidar de sua plantação.  Porque nem a chuva e o  tempo estão sob o seu controle. Por outro lado, ele precisa confiar que eles virão no tempo certo e não há nada que possa fazer.

“Portanto, irmãos, sede pacientes até a vinda do Senhor. O lavrador espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que receba as primeiras e as últimas chuvas.” Tiago 5:7,8

 

Tiago nos ensina que é preciso fortalecer o coração até a vinda do Senhor.  Aguardando-o com paciência e sabendo que assim iremos nos alegrar.  

A certeza de que o Senhor trabalha nesta colheita é o motivo pelo qual vale a pena esperar o tempo certo.

A paciência dos profetas

Os profetas do Antigo Testamento foram homens escolhidos por Deus para falarem em seu nome a todo o povo de Israel. Eles precisavam ser destemidos, não terem vergonha do que os outros iam pensar e buscar agradar a Deus e responder à vontade de Dele.

Eles também passaram por muitas aflições e sofrimentos e, mesmo assim, aprenderam a abraçar os desafios com todo o coração e força, por causa de sua confiança no Senhor. 

“Irmãos, tomais os profetas que falaram em nome do Senhor como exemplo de paciência e de perseverança diante do sofrimento.” Tiago 5:10

 

Veja o exemplo de alguns deles: 

Por causa da fidelidade a Deus, Daniel foi jogado na cova dos leões. Oséias passou por grande traição fazendo a vontade do Senhor. 

“Isaías não foi ouvido pelo seu povo. Ele foi serrado ao meio. Jeremias foi preso, jogado num poço e maltratado por pregar a verdade.(…) Ezequiel também foi duramente perseguido.” Hernandes Dias Lopes

Assim também foi com os apóstolos que foram perseguidos, presos e morreram pregando a verdade do evangelho. A fé deles em Deus era à prova de campos de extermínio. Eles encontraram o sentido das suas vidas em Deus para perseverarem até mesmo sob pressões.

São felizes os que suportam aflições

“Chamamos de felizes os que suportaram as aflições. Ouvistes sobre a paciência de Jó e vistes o fim que o Senhor lhe deu. Porque o Senhor é cheio de misericórdia e compaixão.” Tiago 5:11

 

O Senhor não nos poupa das aflições, mas ele está conosco em cada uma delas. Ele dá condições e graça para suportar os sofrimentos. Jó é um exemplo de como a vitória precede a luta.

Jó havia perdido a família, os amigos, os bens e sua saúde, mas Jó esperou pacientemente no Senhor. No final, o maior bem que Jó recebeu não foram riquezas, mas um conhecimento mais profundo do Senhor.

Se Jó fosse impaciente em sua jornada de sofrimento, ele seria uma arma nas mãos do inimigo. Mas depois de sua peregrinação, ele se tornou uma bênção maior para todos à sua volta.

 

Os frutos da paciência

Sendo assim, Tiago deseja que sejamos encorajados a viver o tempo de espera, a passar pelos sofrimentos como um agricultor que espera a chuva e a colheita. Além disso, a  suportar as aflições como os profetas que foram fortalecidos no Senhor. 

Ao invés de irarmos com as injustiças que são acometidas a nós, Deus nos ensina a sermos obedientes a sua Palavra. Pois, numa vida com Deus, até os sofrimentos ganham propósito. Ele nos promete encontrar com alegria  e força suficientes para testemunharmos de sua fidelidade.

Misericórdia e Justiça são temas recorrentes na Bíblia e o livro  de  Tiago aborda este assunto com muita propriedade. Neste devocional, vamos meditar sobre o que este livro nos ensina e como podemos crescer em nosso entendimento sobre essas verdades.

Em Lamentações de Jeremias 3.22-23, lemos que: 

“As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã.” E, em Neemias, observamos afirmação parecida: “Mas, pela tua grande misericórdia, não os destruíste nem desamparaste; porque és um Deus clemente e misericordioso.” (Neemias 9:31).

Mas, o que é a misericórdia do Senhor? Primeiramente, ela faz parte do caráter de Deus.  Ele mesmo decidiu demonstrá-la a nós, pois isso é a essência de seu coração amoroso.

 Deus deseja demonstrar misericórdia

“Porque o juízo é sem misericórdia para com aquele que não usou de misericórdia. A misericórdia triunfa sobre o juízo.” Tiago 2.13

A misericórdia é triunfante, pois ela triunfa sobre as trevas. Assim como na história de Adão e Eva, nossa tendência natural é vivermos independentes de Deus. O pecado que nos separa do Senhor nos faz indiferentes aos Seus mandamentos.

Deus não tem nenhuma obrigação de demonstrar misericórdia para conosco, mas é justamente isso que Ele faz: escolhe manifestar misericórdia. Então, Ele envia Jesus para nos salvar.

O Senhor não é como o homem, que muda de ideia quando  convém. Deus nunca muda e Ele continua a exercer misericórdia e justiça. Em Êxodo temos uma descrição bem vivida de seu caráter: 

“E, passando o Senhor por diante dele, clamou: Senhor, Senhor Deus compassivo, clemente e longânimo e grande em misericórdia e fidelidade; que guarda a misericórdia em mil gerações, que perdoa a iniquidade, a transgressão e o pecado, ainda que não inocenta o culpado, e visita a iniquidade dos pais nos filhos e nos filhos dos filhos, até à terceira e quarta geração!” Êxodo 34:6,7

Deus guarda a misericórdia até mil gerações, ela vai sendo passada de pais para filhos. O Senhor perdoa a transgressão e o pecado, mas não inocenta o culpado. Ele deseja demonstrar misericórdia , mas não anula com isso sua justiça.  Segundo o autor Dale Anderson, “misericórdia e justiça são dois lados da mesma moeda”. Ele afirma que:

“Deus é misericordioso e justo. Ele não corta Sua misericórdia para mostrar Sua justiça. Na verdade, Sua justiça é Sua misericórdia! Ele se deleita em corrigir coisas erradas e nunca é pego com misericórdia profana.” 

 Clame ou o Clamor  por misericórdia e justiça

Davi foi conhecido nas Escrituras por ser um homem segundo o coração de Deus. Ele  nos ensinou a respeito de misericórdia e justiça. Quando pecava, ele orava ao Senhor por essa virtude. Demonstrava assim, seu arrependimento e compromisso com a verdade.

“Tem misericórdia de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; apaga as minhas transgressões, segundo a multidão das tuas misericórdias. Lava-me completamente da minha iniquidade e purifica-me do meu pecado. Salmo 51:1-2

Além disso, Davi confiava na justiça do Senhor, mesmo diante de seus inimigos. Ele aprendeu a apelar em oração antes de responder precipitadamente, mesmo tendo os direitos de um rei. Ao invés de se defender, ele clamava pelo favor de Deus.  No Salmos 143.1 está registrado o que ele diz:

 “Ó Senhor, ouve a minha oração, inclina os ouvidos às minhas súplicas; escuta-me segundo a tua verdade, e segundo a tua justiça.” Salmos 143:1

E como nós temos exercido misericórdia e justiça? Temos sido sábios em nossas ações? Ou respondemos de forma precipitada diante das injustiças da vida? Às vezes, lutamos tanto pelas nossas próprias razões que podemos nos sentir desgastados em nossas emoções. É preciso mansidão para exercer misericórdia e justiça para com o nosso próximo.

 O que a Bíblia nos ensina sobre misericórdia?

Há uma boa notícia: a misericórdia pode ser aprendida. Jesus mesmo reafirma esse versículo do antigo testamento. Ele nos diz: “Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero e não holocaustos; pois não vim chamar justos, e sim pecadores [ao arrependimento].” (Mateus 9:13). 

Sei que pode ser mais fácil desejar misericórdia para nós mesmos do que para os outros, mas este não é o coração do Pai para nós.  

O que mais podemos aprender?

  • Os misericordiosos alcançarão misericórdia – Mateus 5.7
  • Executar juízo verdadeiro é demonstrar bondade e misericórdia ao seu irmão – Zacarias 7.9
  • Devemos perdoar sempre – Mateus 18.21-35
  • Deus é rico em misericórdia e nos vivificou juntamente com Cristo – Efésios 2.4-5

A misericórdia e a sabedoria

A misericórdia está atrelada a sabedoria, é o que o texto bíblico em Tiago nos afirma. Pois, a sabedoria dos céus não é humana,  enganosa e não há nela corrupção, antes é repleta de misericórdia:

 “Porém, a sabedoria que vem do alto é antes de tudo pura, repleta de misericórdia e de bons frutos, imparcial e sem hipocrisia. Ora, a justiça é a colheita produzida por aqueles que semeiam a paz.” Tiago 3.17-18

Além disso, a justiça humana pode ser apenas o reflexo do egoísmo e da justiça própria, que obedecem apenas aos interesses pessoais. Mas, quando olhamos para a justiça divina percebemos que ela é profunda. Deus nos mostra o que é verdadeiramente perdoar. Nem mesmo a ira humana contra as injustiças do mundo são suficientes para produzir a justiça de Deus.

“Assim, meus queridos irmãos, tende estes princípios em mente: Toda pessoa deve estar pronta para ouvir, mas tardio para falar e lento para se irar. Porque a ira do ser humano não é capaz de produzir a justiça de Deus.” Tiago 1.19-20

Conclusão:

Neste estudo, refletimos sobre alguns aspectos da misericórdia e justiça de Deus. Entendemos que ela pode ser aprendida e assim como Deus usa de misericórdia para conosco, também podemos liberá-la sobre as pessoas ao nosso redor e até mesmo sobre os nossos opositores. Deus tem prazer na misericórdia. 

Que a cada manhã possamos nos lembrar que os misericordiosos alcançarão misericórdia.

Hoje iremos abordar um pouco sobre Tiago 1 e as lições que podemos tirar desta porção das Escrituras. 

Logo no começo, o livro de  Tiago já nos confronta ao falar que precisamos considerar motivo de grande alegria  estarmos passando por provações. 

Meus irmãos, considerem motivo de grande alegria o fato de passarem por diversas provações, Tiago 1:2 

Vamos ser sinceros, é algo completamente difícil encontrarmos motivos para nos alegrar em meio as provações. 

Quando a doença apareceu, quando perdemos alguém que amamos ou  até mesmo em momentos que  não temos dinheiro para pagar nossas contas.  Como podemos encarar isso como motivo de alegria? 

No calor das provações, como encontrar motivo de alegria? 

Uma das coisas que precisamos aprender, é mudar nossa ótica para uma que entende que homens e mulheres de Deus  precisam ter olhos nas coisas eternas . 

Você entende que seu Deus é maior que as enfermidades, falta de dinheiro, perseguições ou até mesmo morte. 

Precisamos pedir que Deus revele a nós o tamanho da sua grandeza,  poder e, então, poderemos entender que as provações irão produzir uma fé maior e mais forte.

Tiago 1, fé que produz perseverança 

“pois vocês sabem que a prova da sua fé produz perseverança. E a perseverança deve ter ação completa, a fim de que vocês sejam maduros e íntegros, sem lhes faltar coisa alguma.” Tiago 1: 3,4 

Sua diferença neste mundo será real quando o dia mau chegar, este dia você precisa estar pronto e apto para mostrar uma fé madura. 

Deus sabe exatamente aquilo que podemos suportar e o que não podemos. Se algo não irá te levar a uma vida madura e íntegra, isso nem deveria estar tomando lugar em sua vida. 

Vamos ser bem sinceros, em dias bons tudo é fácil e lindo, nós amamos a Deus e ao nosso próximo. 

Dias bons não irão produzir uma fé viva, mas dias maus irão produzir isso. 

Todos nós iremos passar por dias terríveis e tristes, isso se chama vida.  Mas a diferença é que você irá passar tudo isso ao lado daquele que criou você e sabe o que pode te ajudar a passar. 

Deus nos chamou para transformar o mundo que nos cerca através da nossa fé e da nossa vida com nosso Senhor. 

Uma fé que é um exemplo

Nossas vidas precisam estar de acordo com aquilo que nós falamos. 

Sejam praticantes da palavra, e não apenas ouvintes, enganando-se a si mesmos. Aquele que ouve a palavra, mas não a põe em prática, é semelhante a um homem que olha a sua face num espelho e, depois de olhar para si mesmo, sai e logo esquece a sua aparência. Mas o homem que observa atentamente a lei perfeita que traz a liberdade, e persevera na prática dessa lei, não esquecendo o que ouviu mas praticando-o, será feliz naquilo que fizer. Tiago 1:22-25

Uma fé viva está completamente ligada a uma vida mergulhada profundamente na palavra de Deus. 

Uma fé viva é ativa,  e para que isso ocorra será preciso que você e eu passemos por provações. 

A questão não é se passaremos ou não por elas, mas como iremos nos comportar durante este tempo. 

Finalizo este texto orando por nós para que sejamos aprovados mesmo em meio as provações e que isso produza uma fé viva. Amém!

Fé e obras – vamos entender a relação delas? Falar sobre fé e obras é compreender a vivência cristã no cotidiano. Sabe por quê? Porque há sim, relação entre as duas e elas fazem parte da nossa jornada, do nosso amadurecimento e crescimento em Cristo. Qual o lugar das obras na salvação?  Há muitas dúvidas e divisões de opiniões nesse tema.

Ter fé sem obras é viver uma religiosidade que apenas ouve

Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé, e não tiver as obras? Porventura a fé pode salvá-lo? Tiago 2:14

Para começarmos a compreender esse texto de Tiago, é preciso perceber que esse texto em específico não está tratando primariamente sobre salvação. E que a palavra salvação descrita no versículo, no original grego é no sentido de “preservação”.  Tiago está tratando aqui de uma vida de religiosidade que apenas ouve e não pratica ou que não vive de acordo com aquilo  que  tem ouvido e crido.

Por isso, a relação de fé e obras não está atrelada a salvação nesse contexto que Tiago está escrevendo. Tanto que ele mesmo  diz isso no texto: “Se um irmão ou irmã estiver necessitando de roupas e do alimento de cada dia e um de vocês lhe disser: “Vá em paz, aqueça-se e alimente-se até satisfazer-se”, sem, porém lhe dar nada, de que adianta isso”? Tiago 2:15-16.

Em outras palavras, é como se Tiago estivesse dizendo: O que vocês fazem nesse caso? Vocês o mandam embora dizendo que vão orar por ele? Não que orar seja ineficiente, então que a oração seja o início de uma atitude que vocês vão tomar após verem a necessidade alheia.  Agir de maneira desconectada, não é suficiente, entende? Mas que obras são essas que Tiago está tratando aqui? Não são as obras e ações atreladas a salvação, ou a como ganhar o favor de Deus. Mas é relacionada em como vivemos no favor de Deus, percebe a diferença?

A influência do Período da Reforma

Em  segundo, precisamos nos lembrar que esse texto começou a ficar polêmico na época da Reforma Protestante. E o principal opositor a essa epístola foi Martinho Lutero, chegando a sugerir que a retirassem do Novo Testamento. Mas não ficaremos bravos com ele. Entendendo o contexto da Reforma dá para compreender a preocupação que os reformadores tinham.

Afinal, nesse  período  eles combatiam muitas  heresias e confusões. Logo, tudo que desse a ideia de lei atrelado ao legalismo causava um tipo de repulsa neles. Pois, era como se causasse confusão na questão central da salvação ser pela graça. Isso é compreensível, certo?

Dessa forma, era necessário trazer essa libertação no entendimento das pessoas que viviam uma religião de obras,  em que  se faziam barganhas para  adquirir salvação. Não se entendia que a salvação era por meio da fé em Cristo e não pelas obras.  Lembrando que nessa época também, as pessoas não tinham acesso a bíblias como nós temos hoje. Então, as pessoas só sabiam o que era ensinado por intermediações de líderes da época.

Mas hoje, nós sabemos que a salvação é por meio da graça, que não precisamos fazer nada para “herdar” esse favor. Sabendo disso, como eu pratico fé na minha vida? Como vivemos a liberdade que Jesus ofereceu através do sacrifício no meu cotidiano?

Se retirarmos a questão da salvação e pensarmos apenas na vivência da fé, no dia a dia no favor de Deus, então podemos compreender melhor o que Tiago quis dizer. Vamos apenas trocar a ênfase do que provavelmente Tiago quis dizer, para  mudar o nosso entendimento ao ler o texto.

A fé que se move em obras de amor

Sendo assim, já temos o amor, o favor de Deus e agora, como viveremos a partir desse favor? A salvação é uma realidade, já a ganhamos, então agora como nos movemos?

As obras do amor surgem da liberdade e não para querer ganhar algo de Deus. Pela fé entendemos que somos Filhos de Deus por isso agimos em amor. Amamos o nosso próximo e  oferecemos perdão aos que nos ofendem. Tratamos os outros em graça, em amor e sem esperar  nada em troca.

Ou seja, a fé nos leva a ter ações para com o outro. Produzimos frutos de serviço, de amor e  bondade.  A fé não é morta, ela é viva e se move.  Como Tiago mesmo diz, ela se moverá na verdadeira religião: ”A religião que Deus, o nosso Pai aceita como pura e imaculada é esta: cuidar dos órfãos e das viúvas em suas dificuldades e não se deixar corromper pelo mundo”. Tiago 1:27.

Percebemos então que a condição para começar no pacto da graça é sempre e somente a fé na obra de Cristo. Logo, a condição de continuar na aliança é entendida como obediência aos mandamentos de Deus. Embora esta obediência não funcionasse no Antigo Testamento ou no Novo Testamento para ganhar mérito com Deus. Se nossa fé em Cristo é genuína, ela irá produzir obediência. E obediência a Cristo no Novo Testamento é considerada uma das provas necessárias de que somos verdadeiros crentes e membros da nova aliança (I Jo 2:4-6).

A fé genuína resulta em obras de obediência a Deus

Finalmente, um aspecto importante da evidência de que somos crentes genuínos está em uma vida de obediência aos mandamentos de Deus. Assim, sabemos que estamos nele: “aquele que diz estar nele deve andar como ele andou “(I Jo 2:4-6). Você não precisa de uma vida perfeita. João está dizendo que, em geral, nossa vida deve ser como Cristo e imitá-lo em tudo o que dizemos e fazemos.

Por certo, se tivermos uma genuína fé salvadora, haverá resultados claros em obediência  nas nossas vidas (ver também I João 3:9-10,24; 5:18). Um aspecto importante de obediência a Deus inclui amar outros crentes. “Quem ama seu irmão permanece na luz” (I Jo 2:10). “Nós sabemos que passamos da morte para a vida porque amamos nossos irmãos. Quem não ama permanece na morte “(I Jo 3:14,17 e 4:7).

Por fim, na comunidade de Tiago faltava comida e roupa.  E a resposta é a fé que age e que atua pelo amor. Fé e obras, que agem e não apenas ouvem. E em nossas comunidades, o que está faltando que podemos ser resposta? Uma evidência deste amor é continuar na comunhão cristã (I Jo 2:19), e outra é dar ao irmão necessitado (I Jo 3:17, cf. Mt 25:35-46).

Assim também a fé, por si só, se não for acompanhada de obras, está morta”.
Tiago 2:17.

No capítulo 3 do livro de Tiago, encontramos uma profunda reflexão sobre a relação entre o homem e as suas palavras – seu poder e seus efeitos. Na minha opinião, é um dos capítulos mais confrontantes da Bíblia, porque apóstolo toca em um ponto fraco da nossa humanidade caída. Quantas vezes ferimos pessoas com nossas palavras ou fomos feridos por elas? De fato, Tiago mesmo diz que todos tropeçamos em nosso falar, a não ser Jesus, que é perfeito. 

Jesus nos ensinou que a boca fala do que o coração está cheio (Mt 12:34). Por isso, as palavras que saem de nós são tão poderosas. Elas evidenciam o que carregamos em nosso interior, tanto o bom quanto o ruim. Além disso, nosso falar pode comandar toda nossa vida. Nossa fala não é necessariamente mais importante que nossas atitudes, porém é um desafio ser íntegro o bastante para que vivamos de acordo com o que falamos.

 

Contradição humana

Em Salmos 19:14, o salmista declara: “que as palavras da minha boca e a meditação do meu coração sejam agradáveis a Ti”. Ou seja, aquilo que cultivamos em nosso coração, sobre o que meditamos e do que nos alimentamos, eventualmente será expressado em nossas palavras. Isso é bom, porque o Senhor pode receber dos nossos lábios canções, declarações e palavras de amor genuíno. Porém, isso exige de nós uma constante vigilância do que estamos cultivando em nosso coração.

No versículo 9, Tiago denuncia nossa constante contradição: “Com a língua bendizemos ao Senhor e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus”. Como podemos então fugir desse contraste? Tiago nos aponta para a sabedoria que vem de Deus. Naturalmente, não conseguimos proferir boas palavras, mas Jesus nos conduz em toda a verdade e sabedoria para que possamos viver Salmos 19:14.

 

Sabedoria do alto

Precisamos nos encher da Palavra, da fonte de toda a sabedoria, para que do nosso interior fluam rios de vida e não de morte. Dessa forma, falaremos com a sabedoria de Deus: pura, pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, imparcial e sem hipocrisia (Tg 3:17). Jesus falava de um coração cheio da sabedoria que vem do alto, pois ele tinha um diálogo constante com o Pai. Além disso, seu alimento era a Palavra e Ele falava apenas a verdade.

Podemos considerar impossível não proferir nenhuma palavra torpe ou não tropeçar em nosso falar. Porém, Tiago nos aponta um caminho para buscarmos a integridade e a sabedoria. Isto é, se nos enchermos da Palavra e meditarmos nela, e se tivermos uma vida de oração constante, a probabilidade de agradarmos ao Senhor em nosso coração e nossas palavras é bem maior. Assim, estaremos cheios do coração do Pai sobre nós e sobre as pessoas. Ou seja, dificilmente teremos prazer em usar nossas palavras para destruir, amaldiçoar, desonrar e zombar do nosso próximo. Pelo contrário, iremos usar nossas palavras para agradar ao Senhor em nossas conversas, orações, pregações, canções, ensinos e conselhos.

 

Compromisso com a verdade

Jesus é o modelo de um homem perfeito que não tropeçou em suas palavras. Ele tinha compromisso com a verdade e falava apenas aquilo que ouvia de seu Pai. Quando se trata da nossa língua, podemos ser radicais em buscar as palavras do Pai sobre nossas vidas e as vidas daqueles que nos cercam. Nosso próximo foi feito à imagem de Deus e é digno de ser tratado como Jesus o trataria. Que nosso coração esteja inclinado a agradar ao Senhor com nossas palavras e, consequentemente, com atitudes que refletem nossas falas e o que está em nosso coração.

Os salmos são uma fonte de louvores a Deus que, assim como o salmista nos convida a assumir uma postura de confissão da grandeza de Deus em toda a obra criada, nós podemos fazer isso mesmo diante de dificuldades.

Em tudo podemos reconhecer a soberania de Deus, a atividade divina e seu propósito em nossas vidas, mesmo que não entendamos no momento. O que precisamos aprender com Davi é encontrar prazer nos preceitos do Senhor.

O Salmos 19 nos ajudará a entender o lugar da Palavra de Deus em nossa vida.

Salmos 19: uma surpreendente correlação com a Torá, o Tabernáculo e o Templo de Jerusalém

O livro de Salmos nos ajuda a enxergar a Palavra de Deus como um lugar de refúgio onde quer que estejamos. Para os hebreus no Antigo Testamento, a Torá, tinha o intuito não só de revelar quem era Deus, mas de ser uma bússola para o coração humano. Ela era o “espaço sagrado” em que eles poderiam colocar suas raízes e extraírem vida da presença de Deus.

Assim também com o Tabernáculo. Ele era o santuário móvel onde se carregava a arca da aliança. Lembra o que a arca da aliança comportava? Isso mesmo, a presença de Deus. Este era o segredinho de Deus desvendado em seu plano ao longo do tempo, por enquanto, um arquétipo do que viria ser Deus habitando entre os homens.

Mais tarde com Salomão, o Templo de Jerusalém seria uma forma um pouco mais robusta do desejo de Deus que apontava para Cristo. Era praticamente um microcosmo, segundo N. T. Wright, uma pequena versão do mundo todo. Sim! O Templo de Jerusalém fazendo referência ao ato da criação, o mundo que Deus criou em Gênesis.

Aquilo que chamamos de “lugar de Deus” era a própria Palavra de Deus ensinando, pedagogicamente, e orientando o coração humano. Em outras palavras, era o Verbo habitando na palavra (Torá), no Tabernáculo e no Templo, como um protótipo de toda a narrativa de redenção. Transparecia o desejo de Deus por sua criação redimida, renovada e por sua presença e glória.

Os céus declaram sua glória

Em Salmos 19, o salmista reconhece que toda a criação proclama a glória de Deus e anuncia as obras de suas mãos. Assim, o salmista faz uma releitura do templo, como uma extensão do espaço sagrado.

Deus habitando no meio de seu povo e seu povo habitando em seu Deus.

“Nesse contexto, Salmos remete à intenção dupla do criador: que o Templo de Jerusalém sirva de sinal não apenas do propósito de Deus de inundar a criação com sua presença gloriosa, mas também de seu anseio por encher o coração, a mente, a imaginação e a vontade do seu povo com a mesma glória.” N. T. Wright

Este salmo 19 parece apontar para o reinado de Cristo, em que sua voz será ouvida por toda a terra (Salmos 19:4) e sua Palavra capaz de reordenar a vida com sabedoria (Salmos 19:7).

 

O que Davi encontrou?

“A lei do Senhor é perfeita, e refrigera a alma; o testemunho do Senhor é fiel, e dá sabedoria aos símplices. Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro, e ilumina os olhos. O temor do Senhor é limpo, e permanece eternamente; os juízos do Senhor são verdadeiros e justos juntamente. Mais desejáveis são do que o ouro, sim, do que muito ouro fino; e mais doces do que o mel e o licor dos favos. “ Salmos 19:7-10

Davi compôs este salmo glorificando a Deus por sua lei que é perfeita e restaura a alma (Salmos 19:7). Ele meditava nela e descansava na confiança da fidelidade do Senhor. Ele sabia que por mais que seus sentimentos, em inúmeros momentos pudessem ser inconstantes, a lei do Senhor era suficientemente fiel para ele confiar.

É simplesmente esplêndido ver a doçura com que Davi descreve a Lei do Senhor (Torá): como mais desejável que o puro ouro e mais doce que os favos de mel. Ele sabia que sua Palavra era boa e capaz de trazer sabedoria, de iluminar os olhos e, é a verdade.

Davi encontrou descanso e nos convida a fazer o mesmo. Como seria bom se nós pudéssemos descansar e nos alegrarmos na Palavra de Deus como ele fez. Provavelmente, recarregaríamos mais temor a Deus e menos temor dos homens em nossa vida.

 

Como Deus queria se revelar a Davi

Algo que não pode deixar de ser mencionado são os atributos que Deus revelou a Davi neste salmo. Um Deus que diferente de todos os outros deuses dos povos vizinhos da época, ele era o Deus de Abraão, Isaque e Jacó.

Este Deus não era apenas o Deus dos deuses, a maior entidade divina no universo segundo os gregos atribuíam a Zeus naquela época, mas o Criador do universo. Aquele cuja glória preenche toda a terra e não compartilha espaço com nenhum outro deus.

A soberania de Deus é um atributo muito presente neste salmo. Do começo ao fim, Deus é Senhor de todas as coisas e a ele nós devemos satisfação. Davi se considera servo de Deus (Salmos 19:13), reconhece seu pecado e confia que os preceitos do Senhor são capazes de torná-lo íntegro.

Como Davi, somos totalmente dependentes da graça e do favor de Deus. E o fato de não reconhecermos isso é como andarmos cegos, sem direção, desenfreados seguindo as inclinações do nosso coração. Sem os preceitos do Senhor, nosso coração é como uma fábrica de ídolos e uma criança sem limites, entregue a todos os desejos!

 

Salmos 19 para o dia-a-dia

Este salmo enfatiza muito a recompensa de seguir o Senhor. O cristão que está buscando uma vida diária de relacionamento com Deus encontra prazer na lei do Senhor.

A liberdade cristã o conduz, não a capacidade de obedecer a Deus impunemente, mas, antes, na capacidade de obedecer-lhe espontaneamente, sem nenhum impedimento eficaz, segundo Merril Tenney.

Uma vida diante de Deus, retratada como uma extensão do espaço sagrado, que era restrito somente ao Templo, agora, em Jesus, o mistério é revelado.

Tudo é para a glória de Deus, tanto na igreja como fora dela. Nos prazeres, na adoração, na obediência a Deus e na forma como vamos gerenciar com sabedoria a vida que ele nos deu.

A leitura deste salmos à luz da revelação de Cristo nos mostra que os preceitos do Senhor enchem o nosso intelecto, motivações e prazeres com sua glória. Para qual propósito? Para que a multiforme sabedoria de Deus seja manifestada por meio da igreja aos principados e poderes nas regiões celestiais (Efésios 3:10).

Desejo que este salmo seja um doce convite para sermos cheios da glória de Deus e revelá-la ao nosso tempo hoje através de uma vida de obediência a Deus.

Salmos são uma das formas mais belas de expressarmos nossos anseios, angústias e orações.

Portanto, hoje quero que você e eu façamos isso usando um dos meus Salmos preferidos: o Salmos 84, pois ele carrega a expressão exata do anseio que todo o ser humano tem dentro de si. O anseio por Deus, por encontrá-lo, por conhecer mais Dele e estar com Ele em plenitude.

Aliás, se você ainda não leu este Salmos eu te convido a fazer isso hoje.

Encontrando alegria em estar com Deus

Como é agradável o lugar da tua habitação, Senhor dos Exércitos! A minha alma anela, e até desfalece pelos átrios do Senhor; o meu coração e o meu corpo cantam de alegria ao Deus vivo. Até o pardal achou um lar, e a andorinha um ninho para si, para abrigar os seus filhotes, um lugar perto do teu altar, ó Senhor dos Exércitos, meu Rei e meu Deus.Como são felizes os que habitam em tua casa; louvam-te sem cessar! Pausa Como são felizes os que em ti encontram sua força, e os que são peregrinos de coração!  Salmos 84:1-5 

Primeiramente, somos criados por Deus e fomos feitos para nos sentirmos plenos Nele. Esse Salmo expressa isso de uma forma tão profunda e clara.  Ademais, sua alma e a minha sempre irão ansiar por estar nos átrios do Senhor e até mesmo nosso corpo canta de alegria somente de estar na Presença Dele. Os átrios do Senhor significam  um lugar no qual podemos prestar nossa adoração, declarar nosso amor e prestar honra e glória Aquele que é merecedor de tudo isso e o motivo das nossas afeições. Se o pardal e a andorinha acharam um lar, você e eu também podemos declarar  isso por estarmos perto deste altar. Ademais, são igualmente felizes e satisfeitos aqueles que habitam na casa de Deus, pois o louvam sem cessar. 

Certamente, são felizes os que encontram sua força no Senhor. 

Encontrando forças para continuar

Ao passarem pelo vale de Baca, fazem dele um lugar de fontes; as chuvas de outono também o enchem de cisternas. Prosseguem o caminho de força em força, até que cada um se apresente a Deus em Sião. Ouve a minha oração, ó Senhor Deus dos Exércitos; escuta-me, ó Deus de Jacó. Pausa Salmos 84: 6-8 

No hebraico Baca significa choro ou lágrimas, vale das balsameiras ou vale árido, mas o que diz aqui é que em Deus transformar este vale em um lugar de vitória, uma fonte a jorrar. Podemos somente passar pelo vale de Baca e não permanecer nele. Mas, como diz no salmos, podemos fazer dele um lugar no qual nos tornamos mais fortes para a jornada.  Nós podemos celebrar nossa fé e demonstrar nossa confiança que Deus é Aquele que nos escuta e também responde nossas orações independente se estamos no vale de Baca ou a caminho de Sião. 

“Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso. Mateus 11:28 

O Senhor Deus é sol e escudo

Olha, ó Deus, que és nosso escudo; trata com bondade o teu ungido. Melhor é um dia nos teus átrios do que mil noutro lugar; prefiro ficar à porta da casa do meu Deus a habitar nas tendas dos ímpios. O Senhor Deus é sol e escudo; o Senhor concede favor e honra; não recusa nenhum bem aos que vivem com integridade. Ó Senhor dos Exércitos, como é feliz aquele que em ti confia! Salmos 84: 9-12

Então, será que podemos replicar este versículo escrito pelo salmista que diz:  mais vale um dia nos átrios do Senhor do que mil em qualquer outro lugar?  Temos que dizer que sim, preferimos isso, não existe nada em qualquer lugar melhor do que estar na Presença do nosso Deus. Sobretudo, preferimos estar à porta da casa do nosso Deus do que habitar nas tendas dos ímpios ou na perversidade, como dizem em outras traduções. Com toda a certeza, um Deus que nos criou para encontrarmos satisfação Nele, este mesmo Senhor é sua proteção e escudo. Com efeito, Ele é aquele que responde suas orações e concede favor e honra. 

Assim sendo, podemos afirmar com toda certeza que somos felizes, pois confiamos Nele. 

Senhor, oramos essa palavra neste dia, preferimos estar contigo a qualquer outra coisa. Somos felizes porque podemos confiar em Ti, passaremos pelos vales de Baca e iremos prosseguir em fé e confiança. Sentiremos saudades e ansiaremos por Ti até estarmos plenamente juntos. Amém