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Entendendo nosso chamado

intimidade com Deus

Um dos maiores desejos do ser humano é ter uma vida relevante. E nessa busca por significado é necessário descobrir nosso chamado. Compreender o papel que temos na história nos dará clareza para tomar decisões coesas quanto ao futuro. É preciso ser intencional. E, quando entendemos quem somos e para o que fomos colocados neste planeta, viveremos com mais contentamento, pois, caminharemos em convicção do nosso chamado. 

Então, voltemos ao início da história, porque ela nos aponta o fim. Como nossa aventura começou? E por que Deus decidiu nos criar? Como homem e mulher, qual é nosso fim principal? Estas são perguntas que sempre permearam o coração da humanidade desde os primeiros dias. 

No livro do “começo”: Gênesis, observamos Deus criando todas as coisas e soprando o fôlego de vida sobre Adão. Deus decidiu o criar a Sua própria imagem e semelhança. E a verdade que Deus não faz nada ao acaso. Além disso, em Seu mandato, o Senhor ordenou ao homem a multiplicação e o governo sobre a criação. E tudo o que Deus faz é bom e tem um propósito. É preciso compreender nosso chamado, leiamos:

“Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança… Criou Deus, pois, o homem  à sua imagem, à imagem de Deus os criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra.” Gênesis 1.26-28

Na viração do dia

Quando olhamos para o início da criação e vemos Deus nos fazendo como homens a sua própria imagem e semelhança, não podemos negar que há um mistério ali. Na viração do dia Deus se encontrava com o homem. Na viração do dia o Senhor vinha conversar. Mas, a queda fez com que Adão e Eva se escondessem de Sua presença. Porém, a voz de Deus ressoou pelo jardim.

“Quando ouviram a voz do Senhor Deus, que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se da presença do Senhor Deus… E chamou o Senhor Deus ao homem e lhe perguntou: Onde estás? (Gênesis 3.8a,9)

A pergunta de Deus continua a ressoar. E em meio ao caos humano Ele olha para nós e pergunta: “Onde estás?” Não porque Ele não nos vê. Mas, porque Ele quer nos fazer voltar ao jardim e desfrutarmos de Seu amor singular

Fomos chamados para o Amor

Lembro-me que ainda adolescente, ao fazer minha Pública Profissão de Fé, responder as perguntas do Breve Catecismo de Westminster era uma de minhas tarefas. E a primeira questão consistia em esclarecer: “Qual o fim principal do homem?” A resposta na ponta da língua dizia: “O fim principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre.” O que é totalmente verdade.

“Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.” Romanos 11:36

“Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus.” 1 Coríntios 10:31

Mas, também é verdade que essa pode ser uma resposta bem ampla. Não devemos realizar adoração desconectada ao “gozá-lo para sempre”, isto é: sem amá-lo de todo o nosso coração, alma e força. Não devemos glorificar sem usufruir de Sua presença. Isto será como o sino que só faz barulho como descrito em 1 Coríntios 13. 

Sim, nós fomos feitos para Sua glória porque todas as coisas foram feitas para a glória de Deus. Porém, Ele nos criou para desfrutarmos de quem Ele É e de seu amor tão profundo. Ele nos criou para sermos filhos. Esse é nosso chamado principal.

“Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, Para louvor da glória de sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado,” Efésios 1:4-6

Nova Criatura

“Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” 2 Coríntios 5:17

Quando Cristo nos conduz a salvação, estamos apenas no começo da jornada. Compreendemos que desde o início da história fomos chamados a um relacionamento de amor e adoração em tudo o que fazemos. Tudo faremos para o louvor d’Aquele que tanto amamos. 

Com a mente renovada como filhos, somos novas criaturas. Entendemos que nosso papel é viver da mesma forma que Jesus viveu. Seguimos ao Seu exemplo. Nos lembramos que o principal mandamento é amar a Deus sobre todas as coisas e ao nosso próximo como a nós mesmos. E isso tem a ver com a forma como servimos a Deus e aos nossos irmãos. 

Deus nos deu habilidades e dons singulares e há muitas formas de desenvolvermos ministério e serviço. Mas, de nada adianta o trabalho de nossas mãos se isso não estiver fundamentado em nosso chamado de amar a Deus e desfrutá-Lo acima de todas as coisas. 

Sem medo de meditar

Meditação é uma palavra que tem levado as pessoas a imaginarem algo complexo. Meditar parece estar além do alcance delas porém, de fato não está e eu quero mostrar como.

Não é preciso ser um monge cristão nem horas dedicadas ao monastério mas, é preciso de fato, de algumas coisas. Eu diria que um coração desejoso pela verdade, que não teme em ser confrontado e disponível a obedecer já seria um bom começo para que os primeiros obstáculos sejam removidos.

A palavra meditação está relacionada ao ruminar de algo. Os animais que ruminam seu alimento precisam mastigar de forma intensa e constante para que eles consigam absorver os nutrientes daquele alimento. Além disso, o significado de meditação para o judeu é o de refletir, ponderar, imaginar, e ainda, falar consigo mesmo em voz alta. Grande parte das vezes em que meditar aparece nas Escrituras está relacionado com o meditar da Lei e das promessas de Deus.

“Não deixe de falar as palavras deste Livro da Lei e de meditar nelas de dia e de noite, para que você cumpra fielmente tudo o que nela está escrito. Só então os seus caminhos prosperarão e você será bem-sucedido.” (Josué 1:8)

Portanto, aqui vão 5 dicas simples e práticas para meditação nas Escrituras.

5 dicas/ferramentas para meditação bíblica

  1. Medite em uma única sentença. Não precisa ser um versículo inteiro. Você pode pensar e ruminar todo o seu dia sobre uma única sentença e assim experimentar a profundidade dela. Exemplo: experimente meditar a semana toda em “O Senhor é o meu pastor” (Sl 23)
  2. Medite dia e noite. Tente trazer sempre ao seu pensamento aquela sentença de modo que ela faça parte do seu dia-a-dia. É para ser natural. Exemplo: pense sobre ela escovando os dentes, tomando café da manhã, no ônibus ou até mesmo conversando com alguém no trabalho.
  3. Faça perguntas. Seja honesto e procure ter um coração corajoso que deseja aprender. Faça perguntas ao versículo. Faça perguntas a Deus. Faça perguntas aos seus amigos. Exemplo: “O Senhor é o meu pastor.” Quem é o Senhor? O que um pastor faz? Se ele é o meu pastor o que eu sou diante dele?
  4. Registre. Grande parte das coisas que passam por nossa mente são facilmente esquecidas. Quando as escrevemos a chance de algo permanecer por mais tempo na nossa cabeça aumenta exponencialmente. Portanto tente escrever os pensamentos que vem a você sobre o versículo. Exemplo: escreva num papel, num caderninho, no bloco de notas do seu smartphone, no seu computador.
  5. Ore a Bíblia. Você pode agradecer, pedir ou simplesmente declarar seu versículo em oração. Quando você ora as Escrituras você ora conforme a vontade de Deus usando a linguagem de Deus. Exemplo: “Senhor, guia-me no meu trabalho pois você é o meu pastor”; “Senhor, obrigado porque você é o meu pastor e você me satisfaz.”

Não despreze os pequenos começos

Pode parecer pequeno e relativamente fácil mas essas simples ferramentas são poderosas quando realizadas por alguém que tem fome de Deus. O desafio da meditação é fazer com que as verdades que o teu intelecto processa desçam para o seu coração. E assim se torna mais natural ouvirmos a voz dAquele que tem as palavras de vida.

“Sei que desejas a verdade no íntimo; e no coração me ensinas a sabedoria.” (Salmo 51:6)

Praticando a Presença de Deus, este é um tema que amo abordar. Pois afinal, essa é uma realidade desconhecida de alguns cristãos, mas há aqueles que têm experimentando dessa profusão. Estes, podem se banhar na graça intensa que o Senhor derrama sobre eles.

Diga-me: O que tem alimentado sua vida? Que tipo de pensamento ganha a sua mente todas as manhãs e ao longo do dia? Há momentos em que apenas nos escondemos de Deus diante de nossas falhas e pecados, alimentamos angústias, rancores e medo. Saiba porém, que o propósito de Deus para nós é outro. Seu desejo, é que possamos Conhecê-lo mais e mais e para isso, Ele nos deixou o seu Espírito Consolador.

“E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará o Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco, (16)  … vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós. (17b) mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito.” João 14.16,17b-26

Isso não é incrível? Deus nos escolheu para sermos Sua morada e nos ensina todas as coisas. Em cada instante de nossas vidas é possível aprender algo com o Senhor e experimentarmos de Sua presença em nosso cotidiano.

Conta-se a história do irmão Lawrence, um homem que diante do conhecimento de Jesus, abandonou os pecados e uma carreira promissora para se tornar um monge. Dedicado a uma vida simples em um mosteiro, dia a dia viveu Praticando a Presença de Deus em tudo o que fazia. Fosse cuidando do jardim ou mesmo trabalhando na cozinha. Ele sempre estava em oração, se deleitando no amor de Deus, adorando com um coração sincero. Este é um exercício que todos nós podemos realizar, independente de nossas funções e tarefas.

Também quero lembrar de William Wilberforce, abolicionista britânico que lutou contra o tráfico negreiro. Este homem tão incrível amava tanto a presença de Deus, que em uma determinada época de sua vida, teve dúvidas entre seguir o caminho do pastorado ou a carreira de Jurista. Wilberforce entendeu que seu chamado era para a política, ser uma voz para quem não tinha voz. Independente do que Deus tem nos desafiado a realizarmos, é preciso compreender que não faremos nada verdadeiramente consistente a parte da presença de Deus. Não queremos chegar diante do Senhor, e ouvir dele a dura palavra de que Ele não nos conhece.

Mas como manter-nos Praticando a Presença de Deus? Como fazer isso de forma crescente e duradoura? Deus, é Singular e Pessoal. Ele quer se revelar a nós, assim como Ele É. Ele nos deixou o Seu Espírito, o Espírito nos ensinará o caminho do Coração do Pai, do Filho, e o Seu  Próprio coração. Quando temos uma vida de Oração, de adoração e entrega a Palavra, podemos experimentar da verdade de Deus. Podemos aprender com Ele na jornada. Cultivemos, então, a vida no Espírito

Lembre-se: que quando Jesus se entregou na cruz, Ele rasgou o véu que nos separava. Nós temos livre acesso a Deus, o tempo todo. Seja dentro de um ônibus, caminhando pelas ruas da cidade ou mesmo lavando a louça suja em casa.

Quando você dirige o seu carro, Ele te vê. Quando você se senta para tomar um café, Ele sonda teu coração. Quando você está entre amigos e família, Ele está ali junto a Ti. E você sempre pode convidá-lo a participar do que você estiver a fazer. Nosso pensamento não para, e sempre podemos elevar a Ele nossa oração.

E, como é bom poder parar tudo para apenas estar com Ele. E sentir dentro do nosso homem interior o amor que Ele nos tem, e deixar que a graça invada as nossas emoções e pensamentos, e que a Palavra se torne viva em nós, e vida em nós. Então, abrimos a nossa Bíblia e letras se tornam garrafais, Ele desvenda verdades valorosas sobre Seu Caráter e aquilo que Ele quer fazer em nós. Desfrutamos de sua inefável presença e descobrimos que isso é o mais importante. E você, também deseja viver sua vida Praticando a Presença de Deus?

Quando nós abraçamos a realidade de que fomos criados para um relacionamento com Deus, nós temos que encarar um aspecto importante dentro dessa realidade: viver em oração perseverante. Pode talvez parecer para você que “ perseverar em oração  é um assunto diferente de intimidade com Deus, mas se você substituir a palavra ‘oração’ por ‘conversa’, vai chegar ao mesmo contexto.

Quando falamos sobre perseverança no lugar de oração podemos achar que se trata de algo penoso e que demanda um esforço extra. Talvez porque a palavra perseverança nos remete aos desafios que encontraremos para que seja necessário perseverar. Caso contrário o uso da palavra seria desnecessário. E então, se torna muito fácil levarmos a oração para um contexto (ainda que dentro de nossa mente) onde ela é mais um fardo ou obstáculo e até mesmo um preço que precisa ser pago.

A verdade que encontramos na palavra é que sim, muitas pessoas se apresentaram diante de Deus em oração com uma urgência em seus corações. Mas, também vemos que outras conversaram com Deus pelo simples prazer de estar com Deus, independente de suas circunstâncias. Ana, por exemplo, mencionada em Lucas 2:36, era um mulher já Idosa que dedicou sua vida no relacionamento constante com Deus.

O relacionamento com Deus, a conversa constante, nunca foi sobre o peso de um diálogo. Deus não desejou que nossa conversa com ele fosse entediante ou penosa. Por isso, perseverar em oração se trata mais da disposição do nosso coração em se relacionar com Deus. E um dos motivos pelos quais perseveramos, mantendo constante a conversa com Deus, é porque é Ele mesmo que nós encontramos ao orar. E ele é bom!

Oração se torna muito mais prazerosa à medida que encontramos a revelação de Deus, que vem nesse lugar secreto. Nós falamos com ele, encontramos ele, percebemos que como essa conversa é especial, então queremos continuar falando. E então mesmo quando não sentimos sua presença em nosso físico, quando distrações vierem para tomar nosso tempo e quando acreditarmos em meias verdades sobre o caráter de Deus, nós vamos perseverar. Nós vamos orar. E nós vamos nos relacionar não com base nos nossos resultados, mas na verdade de quem Deus é. E no tempo certo, se não desanimarmos, colheremos os frutos dessa conversa.

Não oramos dia e noite porque queremos algo de Deus, mas porque nós queremos quem Deus é então mantemos a conversa. Se nos relacionarmos com Deus com o foco naquilo que perece, então estaremos reduzindo o real sentido de conhecer Deus a algo muito, mas muito, pequeno.

Em nosso relacionamento com Deus vão existir diferentes estações. Em alguns momentos perseverar em oração será mais do que necessário. A pressão ao redor pode ser real, as perdas, momentos de decepção e frustração. Mas ainda nesses momentos, a conversa com Deus não pode parar. Mesmo quando estivermos desfrutando de benção, dias de conquistas, ainda assim a conversa continuará. É tudo sobre um relacionamento, em toda e qualquer estação.

“Uma coisa pedi ao Senhor; é o que eu procuro: que eu possa viver na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a bondade do Senhor e buscar sua orientação no seu templo.” – Salmos 27:4

Se hoje, por algum motivo, está difícil manter a conversa com Deus, se lembre que ele já está lá esperando por você. Nosso Deus é conversador. Ele não só quer ouvir nossa voz, como também deseja falar. Haverão dias em que apenas ficaremos em silêncio. Momentos em que as nossas lágrimas vão orar por nós. E, acredite, até nesses momentos, diante da presença dele, é perseverar.

Vamos buscar perseverar em oração por simplesmente desejar mais de Jesus em nós. E isso é ter fome e sede por justiça (Mateus 5:6). Vamos manter o clamor em nossas igrejas e casas pelo simples fato de querer Jesus. E que nossa perseverança se trate mais dele do que de nós. Que seja mais sobre se encontrar com ele, do que com apenas algo que ele possa fazer em nosso favor.

“Peço que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o glorioso Pai, lhes dê espírito de sabedoria e de revelação, no pleno conhecimento dele.” – Efésios 1:17