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O poder de uma oração e a mudança de destino

oração

Neste texto quero compartilhar uma das histórias que mais amo. Ela tem haver com o poder da oração.

Hoje vamos falar de Jabez. Talvez essa história tenha passado em branco por você ao ler a Bíblia.

Enfim, quem foi Jabez e por que a vida dele é relevante para nós?!

Abaixo vemos os dois únicos versículos onde aparece a história desse nosso personagem:

Jabez foi o homem mais respeitado de sua família. Sua mãe lhe deu o nome de Jabez, dizendo: “Com muitas dores o dei à luz”.
Jabez orou ao Deus de Israel: “Ah, abençoa-me e aumenta as minhas terras! Que a tua mão esteja comigo, guardando-me de males e livrando-me de dores”. E Deus atendeu ao seu pedido. 1 Crônicas 4: 9,10

Geralmente, nome é uma marca ou um decreto de algo. Jabez recebeu um como uma marca que lembrava a dor que sua mãe passou quando ele nasceu.

Aliás, essa história sempre me chamou atenção e ela tem me acompanhado por causa desta oração. No meio de genealogias como em muitos textos da bíblia nós encontramos essa história grandiosa.

Portanto, Jabez orou e mudou o que era uma marca sobre sua vida. Aqui, mais uma vez vemos o poder da oração.

Deus mudou a história

Contudo, Jabez ousou orar ao Deus de Israel e o Senhor o escutou. Temos tantos segredos  à compreender no poder dessa oração.

Jabez pediu a benção do Senhor, pediu por terras, para que a mão do Senhor o livrasse de males e dores e o final do versículo fala que Deus o atendeu.

Aliás, este homem entendeu que Deus tinha o poder de mudar a sentença que ele carregava através do seu nome.

Uma das lições mais poderosas que devemos aprender em relação a nossa jornada com nosso Deus é que: Ele é Aquele que tem a última palavra a nosso respeito.

Certamente, Jabez entendeu isso e viveu o poder de uma oração respondida.

Assim, o começo da nossa história conta que Jabez foi o mais respeitado de sua família. Isso só foi possível porque ele ousou orar ao Senhor.

Portanto, Deus mudou a sentença que estava sobre Jabez e ainda hoje Ele está fazendo isso.

Afinal, o Deus todo poderoso está mudando sentenças, mudando nomes e histórias.

Somente nosso Deus é capaz de transformar dor em alegria, fracassos em sucessos, ódio em amor.

Inegavelmente, nosso personagem realmente viveu o versículo abaixo:

“Seja-vos feito segundo a vossa fé”. Mateus 9:29a

Que assim como Jabez, seja feito segundo nossa fé. Que possamos orar ao Senhor e ver nossas histórias serem impactadas por uma realidade dos céus.

Jabez experimentou orar e viver o sobrenatural e teve sua jornada contada através da história.  Você também pode.

Originalmente publicado em 08 de fevereiro de 2019

Certa vez ouvi uma pregação da missionária Heidi Baker em que ela dizia que oração e missões são como as duas asas de um avião… Não se faz missões sem oração, da mesma forma que o contrário é verdadeiro. Por muito tempo, fiquei pensando nessa frase e no quanto ela é mais profunda do que conseguia imaginar. E, é sobre essas duas questões que me atentarei nesta breve reflexão. 

Ao redor do mundo o Senhor tem despertado Sua Noiva para clamar e se posicionar nos muros da intercessão. É lindo e poderoso o que Ele tem feito e, especificamente aqui no Brasil, centenas de salas de oração iniciaram-se nos últimos anos. Ao estudarmos sobre o significado de oração, a partir da bíblia e de literaturas que nos ajudam a compreender o que as Escrituras dizem sobre isso, entendemos que a oração está intimamente ligada com quem estamos nos tornando. Orar é entrar em parceria com o que o Senhor quer fazer, declarar quem Ele é, e suas promessas para as nossas cidades, situações e pessoas. A oração alinha nossas expectativas. À medida que estamos sensíveis a voz do Senhor, o caráter de Cristo vai sendo formado em nós.  

Um chamado para as cidades

“Vocês são o sal da terra. Mas se o sal perder o seu sabor, como restaurá-lo? Não servirá para nada, exceto para ser jogado fora e pisado pelos homens. “Vocês são a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade construída sobre um monte. E, também, ninguém acende uma candeia e a coloca debaixo de uma vasilha. Pelo contrário, coloca-a no lugar apropriado, e assim ilumina a todos os que estão na casa. Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus.” Mateus 5:13-16

Interessante observar nas Escrituras, tanto nas cartas de Paulo quanto em Atos, como o apóstolo conhecia bem o contexto das cidades por onde passava. Em Atos 17: 16 em diante vemos Paulo anunciando as boas-novas em Atenas e denunciando os ídolos daquele povo. Paulo era um profundo conhecedor da cultura e do que se passava na sociedade do local. Ele sabia como manejar a Palavra de forma a contextualizar o evangelho e expor com propriedade os problemas da sociedade ateniense. 

Como vemos no texto bíblico citado acima, o Senhor nos envia para sermos sal e luz nessa terra. E tudo começa em amarmos o que o Ele ama. O Senhor nos chama a fazer discípulos de todas as nações. E onde estão essas pessoas? Nas cidades. De acordo com os dados de 2014 da Organização das Nações Unidas (ONU), 54% da população mundial vive em áreas urbanas e esse índice só tende a crescer. Até 2050 serão 66% da população morando nas cidades. Diante de tudo isso é necessário que olhemos para as cidades em caráter de urgência. 

O serviço da Grande Comissão

“E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém.” Mateus 28:18-20

O Senhor nos chama para trabalhar, buscar a paz e servir às cidades (Jeremias 29:4-7). Como cristãos não criamos uma “sub-cultura” ou uma cultura paralela a das cidades, mas somos enviados para sermos um agente transformador da cultura. Para isso, precisamos conhecer e interpretar a realidade da nossa sociedade. Os seus desejos, anseios, angústias. Quais são os seus medos? Seus sonhos? Qual tem sido a cosmovisão que tem regido nossa sociedade? Como iremos levar as boas-novas para as pessoas que estão na cidade se não as conhecemos?  

Steve Turner em seu livro, “Engolidos pela cultura pop”, provoca e toca no âmago da questão. Diz que a igreja da Inglaterra estaria mais bem preparada para lidar com os desafios dos anos 60 se ela tivesse prestado atenção nas músicas das jukeboxes, nos anúncios e nas cafeterias já na década de 1950. E Turner vai além. Ele também cita a música de Paul Simon “The Sound of Silence” [O som do silêncio] que diz: “um lugar para se buscar as declarações proféticas são as paredes dos metrôs e dos cortiços”.

Mas, o que oração tem a ver com missões? 

Precisamos de graça e sabedoria do Senhor para lidarmos com tantas questões complexas. E entender a cultura e a realidade do nosso país, sem negar a questão da queda e do pecado, mas entender que ela deve ser levada cativa ao senhorio de Cristo (leia mais sobre isso, aqui). 

Visto tudo isso, qual deve ser nosso primeiro passo? Amar as cidades, as pessoas e começamos tudo isso através da oração. Lembra da história do avião que comecei contando neste texto? Não se faz missões sem oração e da mesma forma que a consequência da intercessão é sair para as ruas e proclamar as boas novas. 

Começamos com oração e sempre voltamos para o lugar de oração, porque missões ou atos de justiça em um entendimento bíblico não é um puro ativismo social.

Somos chamados para proclamar o Reino do Senhor e, ao passo que quando crescemos em intimidade com o Senhor, através da oração, ganharemos perspectiva e estratégia. Nossas expectativas se alinham com as Dele e começamos ter olhos de misericórdia para com aqueles que estão ao nosso redor. 

No lugar de oração

Ao orarmos, o Senhor libera sabedoria para atuarmos nas cidades. Nós tocamos as pessoas e entendemos sua realidade e voltamos para o Senhor. Apresentamos isso diante Dele. Não que Ele já não saiba, mas é para que nós mesmos possamos entender o coração Dele para os desafios que encontramos nas ruas. Além disso, é uma oportunidade de, através da oração, compartilharmos com o todo o Corpo de Cristo tais necessidades. Afinal, a intercessão não é um ato alienado das situações do mundo, mas sim um ato prático, vivo e que promove conhecimento e comunhão.

Minha oração hoje é para que todos nós, participantes do Corpo de Cristo, possamos compreender o coração do Senhor e o Seu amor pelas cidades. E, a partir do lugar de oração, nos movermos por uma perspectiva bíblica que O agrade; bem como aproveitarmos as oportunidades de tocar os necessitados e proclamarmos as verdades do Reino. E, por último, que sejamos um povo que saiba interpretar os tempos e os sinais dos tempos.

Originalmente publicado em 19 de novembro de 2019

Este mês no blog estamos falando sobre a vida de oração de alguns personagens bíblicos. Neste post, quero falar sobre uma mulher que aparece rapidamente em Lucas 2:36-38, a profetisa Ana. Não sabemos muito sobre toda a vida dela, mas o pouco que é relatado nos versículos é o suficiente para entendermos como era a vida de oração dessa grande mulher.

 

O contexto de Ana

O texto nos mostra que Ana tinha quase oitenta e quatro anos e era viúva. Não somente isso, mas ela foi casada apenas 7 anos com seu marido e desde então não tinha se casado novamente. Podemos inferir, então, que ela era viúva há muitos anos. A Bíblia a chama de “profetisa Ana”, ou seja, ela provavelmente servia no templo e às pessoas com o seu dom de profecia.

A cena em que a conhecemos é muito marcante. Não é um dia qualquer, mas o dia em que o bebê Jesus é apresentado no templo, conforme era exigido na tradição judaica. Perceba a tensão desse momento. O povo esperava pelo Messias, pois eles sabiam que havia uma promessa de que Ele viria. O profeta Zacarias, alguns capítulos atrás, tinha sido o primeiro profeta a trazer uma mensagem de Deus ao seu povo depois de 400 anos de silêncio e espera.

 

Ana esperava pela redenção

Imagine fazer parte de um povo que espera por uma promessa se cumprir e parece que ela nunca se concretiza. Anos se passam, gerações nascem e morrem, e o povo não vê a promessa se cumprindo. Quantos devem ter desistido de esperar pelo Messias! Muitos devem ter se distraído com suas famílias, suas vidas, seus afazeres e parado de vigiar e ansiar pela vinda do Rei.

Ana, porém, continuou esperando pela redenção de Jerusalém. Lendo o versículo 38, imagino que havia um grupo de pessoas que permaneceram esperando. Então, depois de anos indo diariamente no templo, depois de anos de jejum e oração, Ana contemplou o cumprimento da promessa.

Quando Jesus foi apresentado no templo e Simeão profetiza sobre a vida dele, Ana reconhece que aquele era o Messias pelo qual ela esperava e rende graças ao Senhor. A Bíblia também relata que “ela falou a respeito do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém”. Ou seja, o momento tão aguardado havia chegado e ela não se conteve em compartilhar essa mensagem.

 

O chamado dos cristãos da última hora

Assim como Ana, nós fazemos parte de um povo que não perdeu a esperança. Por isso, somos chamados a vigiar e orar pela segunda vinda do Rei Jesus. A vida de oração de Ana nos ensina como se parecem os intercessores da última hora. Não sabemos os detalhes da sua rotina, mas o texto nos conta que “ela não se afastava do tempo, cultuando a Deus dia e noite com jejuns e orações”. Somente por essa frase, podemos ver que a vida de oração da profetisa Ana era intensa e constante.

Nem todos irão viver no templo como ela, que era viúva e cuidava das coisas do Senhor. Porém, todos somos chamados a não sermos pegos de surpresa pela vinda do nosso Messias. Precisamos ser constantes e vigilantes, sem nos esquecermos da nossa grande promessa.

Eu quero fazer parte do grupo daqueles que esperam pela redenção de toda a humanidade e de todo o cosmos. Não somente isso, mas espalhar essa mensagem para que mais pessoas também esperem. Minha oração é que o Senhor levante uma igreja que é constante em sua espera. Uma igreja que ensina a cada geração sobre onde deve estar a nossa esperança, para que no grande dia sejamos encontrados esperando nosso Messias.

 

Nós temos insistido no assunto de oração semanalmente aqui no blog (você pode conferir tudo pela nossa categoria ‘oração’), pois sabemos que tudo parte desse lugar de conversa com Deus. Então, se você ainda não leu os outros artigos, clique aqui para ler e acompanhar. Além disso, é nosso desejo ver a Igreja crescer em intimidade com Deus e queremos dar ferramentas e dicas práticas para que isso aconteça.

Separando um lugar para orar

Todos nós sabemos que Deus ouve nossas orações e nada está oculto aos olhos dele (Hebreus 4:13). Nós temos o privilégio de poder orar em qualquer lugar e em qualquer momento, mas há algo especial em separar um momento específico para estar com Deus. E sim, se trata do estar a sós com Deus. Nós chamamos isso de ‘lugar secreto’. É quando não há distrações, interrupções ou pressa.

Quando olhamos para a vida de Jesus, vemos que ele mesmo separava um tempo para estar com o Pai. Jesus nos deixa o exemplo ideal de como se relacionar com Deus e isso fica claro em muitos momentos:

“Então Jesus foi com seus discípulos para um lugar chamado Getsêmani e disse-lhes: “Sentem-se aqui enquanto vou ali orar“.” – Mateus 26:36

“De madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus levantou-se, saiu de casa e foi para um lugar deserto, onde ficou orando.” – Marcos 1:35

“Mas Jesus retirava-se para lugares solitários, e orava.” – Lucas 5:16

“Num daqueles dias, Jesus saiu para o monte a fim de orar, e passou a noite orando a Deus.” – Lucas 6:12

“Certa vez Jesus estava orando em particular, e com ele estavam os seus discípulos; então lhes perguntou: “Quem as multidões dizem que eu sou? ” – Lucas 9:18

Diálogo íntimo

As coisas que acontecem quando estamos a sós com Deus são preciosas. As conversas mais francas e sinceras, o derramar do coração, o choro, o riso, o silêncio, as experiências mais incríveis. É passar tempo com seu melhor amigo, apenas ele e você. É verdadeiramente crescer em intimidade. E o melhor é que ninguém precisa ficar sabendo como foi. É guardar segredos com Deus, ouvir o coração dele, sendo um amigo confidente e fiel.

Se você não tem o costume de preparar um lugar, então busque um. Você pode todos os dias fazer isso em um lugar diferente, mas, acredite: com o tempo, será sustentável se você fizer em um local que te permite ter constância. Se você deixar para todo dia decidir um local diferente, será muito mais difícil permanecer. Busque um local no qual você pode ficar um tempo sem ser interrompido. Um local onde você esteja a sós e possa falar com Deus.

Separando um tempo para orar

Em nossos dias há muitas distrações que lutam pela nossa atenção. Mas nós podemos vencer a falta de disciplina, a preguiça, o sono e deixar que o anseio por relacionamento com Deus seja maior do que todas as outras coisas. É ter fome e sede no nosso interior, deixando crescer nosso anseio por Deus, mas direcionar ao único lugar onde somos plenamente satisfeitos.

Com a correria do dia-a-dia alguns podem escolher o tempo que restar. E eu quero te sugerir algo diferente. Escolha um tempo determinado para a oração. Se necessário estabeleça horários fixos (por exemplo: todos os dias às…). Esta é a conversa mais importante que você terá em seu dia. E quando você experimentar o fato de que a partir dela tudo flui melhor, tudo acontece melhor, então você vai querer passar muito mais tempo com Deus.

Conexão com Deus

Mesmo com nosso pouco tempo, ou muito tempo, devemos sempre ter em mente que não se trata de cumprir uma agenda. Falar com Deus não é sobre mais uma tarefa do dia. Mesmo ao separar um tempo, mesmo ao preparar um lugar, nosso coração precisa estar no propósito de tudo isso. A preparação não é o ponto final, mas sim a conexão com Deus.

Não precisamos de longas horas orando para enfim nos sentirmos aceitos e permitidos para estar com Deus. Nem precisamos de ir ao ponto mais escondido da cidade para estarmos a sós com ele. Tudo se volta para nosso coração. Longas horas ‘no secreto’ pode vir de um coração que ainda busca obras para sentir que merece. E poucos minutos pode vir do mais singelo e sincero coração. Consegue ver a diferença? Separar tempo e um local não é para se sentir aceito, justo ou superior aos outros. Mas porque já somos aceitos, então gerenciamos nossas vidas para permanecer em um relacionamento que amamos ter.

Você pode crescer em sua vida de oração

Todo o texto de hoje é com o objetivo de te dar maneiras práticas para crescer e permanecer em oração. Amadurecer sua no relacionamento com Deus. Olhe para sua agenda, crie um espaço para ter tempo de qualidade com Deus. É sobre administrarmos nossa vida em torno de Deus, não o contrário. Nós podemos fazer isso. Podemos falar com ele em todos os lugares, mas também podemos separar tempo e lugar para que ele venha e fale a nós. É como preparar o solo e esperar que ele venha no momento certo trazer a semente e a chuva. Grandes coisas podem acontecer na história e no tempo em que vivemos se buscarmos a Deus  de todo coração e levarmos a oração como algo essencial e totalmente insubstituível.

Há inúmeras lições aprendidas com os personagens bíblicos, especialmente com a vida de oração de Jesus. Muitas vezes, o Senhor se afastou da multidão apenas para estar a sós com Deus e em outra ocasião, seus discípulos insistiram para que ele se alimentasse, mas havia algo mais importante.

“Enquanto isso, os discípulos insistiam com Ele. “Mestre, come!” Mas Ele lhes disse: tenho um alimento para comer que vós não conheceis.” Então, os discípulos disseram uns aos outros: “Será que alguém lhe teria trazido algo para comer?” Explicou-lhe Jesus: “A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e consumar a sua obra.” João 4.31-34

Como Jesus sabia qual era a vontade do Pai? Simples: Ele o conhecia de forma intensa e pessoal. Pois Jesus, assim como Enoque, andava com Deus (Gn 5.22-24). Além disso, sua vida de oração fora intensa que até seus discípulos pediram que os ensinasse a orar. No livro Eles, Ann Spangler e Robert Wolgemuth afirmam que:

“… A vida de oração de Jesus deve ter sido tão atraente para seus amigos íntimos que eles não tiveram paciência para esperar que lhes falasse a respeito da oração. Pediram que os ensinasse.”

Nós também somos desafiados a viver como Jesus. Por isso, neste devocional, refletiremos sobre alguns ensinos do Senhor a respeito da oração.

 Jesus orou do começo ao fim

Após Jesus ter sido batizado por João Batista, o vemos caminhando para o deserto para um período de 40 dias de jejum (Mateus 4.1-11; Marcos 1.12,13; Lucas 4.1-13). Podemos imaginar que foi um tempo de consagração para o lançamento de seu ministério e também de preparo espiritual para os desafios que certamente enfrentaria no decorrer de sua missão.  O vemos repetindo o padrão de oração ao longo de sua trajetória. Inclusive na cruz.

“Apesar de tudo, Jesus dizia: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que estão fazendo!” Lucas 23.34

Poucos minutos antes de entregar a vida na cruz, Jesus intercedeu pelos pecadores. O seu desejo e a sua oração foram em favor dos seus assassinos no ato do seu assassinato. Independente das circunstâncias, nele há pleno e imediato perdão. Dessa forma, Cristo nos ensina a perdoar e a orar até mesmo pelos nossos perseguidores:

“Mas, quando estiverdes orando, se tiverdes algum ressentimento contra alguma pessoa, perdoai-a, para que, igualmente, vosso Pai celestial vos perdoe as vossas ofensas. Entretanto, se não perdoardes, vosso Pai que está nos céus também não vos perdoará os vossos pecados”. Marcos 11.25-26

Ele ensina a orar desde o começo até o fim da jornada. E a permanecer fiel aos seus ensinos. Este é um exemplo a ser seguido para tomada de decisões ao longo da vida. As disciplinas espirituais nos fazem crescer em nosso homem interior. 

 Oração em Secreto

“Tu, porém, quando orares, vai para teu quarto e, após ter fechado a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará plenamente.” Mateus 6.6

Jesus ensinou qual o padrão da oração e isso tem a ver com as motivações do coração. Há pessoas que em suas carências desejam receber a atenção dos homens. Estes podem ter uma postura externa, mas em profundidade, o coração está bem longe de Deus.

Porém, há aqueles que aparentemente não são vistos pelos homens, mas podem mudar as circunstâncias através da oração. Não porque exista algum tipo de poder mágico sobre eles, mas simplesmente, porque estes ouvem a Deus e se tornam seus parceiros naquilo que o Senhor mesmo está fazendo entre os homens.

Talvez você já tenha lido sobre estes personagens bíblicos e heróis da fé que inspiram o seu coração. Seja encorajado a fechar a porta do quarto para buscar aquele que quer ser encontrado no secreto. Lembre-se:

“Pedi, e vos será concedido; buscai, e encontrareis; batei, e a porta será aberta para vós. Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e a quem bate, se lhe abrirá. Ou qual dentre vós é o homem que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou se lhe pedir peixe, lhe entregará uma cobra? Assim, se vós, sendo maus, sabeis dar bons presentes aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai que está nos céus dará o que é bom aos que lhe pedirem!” Mateus 7.7-11

Orando a vontade do Pai

No momento mais angustiante da vida de Jesus, o vemos orando para que não fosse feita a sua vontade, mas a vontade do Pai. Isto ocorreu no Getsêmani quando se aproximava o tempo da crucificação e demonstra uma confiança inabalável no caráter de Deus.

“Seguiu Jesus com seus discípulos e chegando a um lugar chamado Getsêmani disse-lhes: “Assentai-vos por aqui, enquanto vou ali para orar”. Levou consigo a Pedro e aos dois filhos de Zebedeu, e começando a entristecer-se ficou profundamente angustiado. Então compartilhou com eles dizendo: “A minha alma está sofrendo dor extrema, uma tristeza mortal. Permanecei aqui e vigiai junto a mim”. Seguindo um pouco mais adiante, prostrou-se com o rosto em terra e orou: “Ó meu Pai, se possível for, passa de mim este cálice! Contudo, não seja como Eu desejo, mas sim como Tu queres”. Mateus 36-39

Nem mesmo os discípulos, seus amigos mais íntimos, entenderam a gravidade daquele instante e tudo o que Jesus estava sentindo no mais profundo da alma. Ele carregaria o pecado da humanidade e receberia todo o castigo de Deus. Além de tudo isso, ficou só, pois seus amigos não conseguiram vigiar e orar com ele. Ainda assim, diante do desejo de que o Pai passasse dele aquele cálice, por três vezes orou: “para que não fosse feita a sua vontade e sim a vontade do Pai.”

Consegue imaginar a profundidade dessa postura do coração de Jesus? O que nos aconteceria se ele não tivesse sido obediente até a morte de cruz? Diante dos nossos próprios desafios e até do abandono conseguimos fazer a mesma oração?  Consideramos a nossa vontade abaixo da vontade de Deus?

 Orando pelos amigos

Antes de subir aos céus Jesus preparou os discípulos para sua partida. Logo se aproximava o tempo do liberar do Espírito. Neste momento, Jesus cobriu seus amigos de oração e o mais legal é que Ele não fez isso apenas pelos seus amigos do presente, pelos discípulos que estavam com ele naquela ocasião. Mas, Jesus se lembrou daqueles que ainda viriam a conhecê-lo.

Ele orou por mim e por você com amor profundo, pedindo que fôssemos guardados do maligno enquanto estivéssemos aqui. Pedindo que fôssemos santificados nele. Que fôssemos um com Ele para permanecermos no Pai.

“Não peço que os tire do mundo, mas que os livre do mal. Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra.” João 17.15,20

 A oração que Jesus ensinou

“Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu; o pão nosso de cada dia dá-nos hoje; e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores; e não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal [pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém]!” Mateus 6:9-13

A oração que Jesus nos ensinou revela princípios profundos de gratidão, confiança e amor. Em um relacionamento saudável entre pais e filhos há liberdade e respeito e por isso Jesus orava confiadamente no Pai. Essa oração, de forma bem simples, alcança cada pequeno detalhe da vida mostrando o que é verdadeiramente importante.

Começamos reconhecendo que Deus é o nosso Pai. Demonstramos gratidão por tudo que Ele tem nos dado todos os dias de novo e de novo. Declaramos confiança em sua vontade. Pedimos perdão pelos nossos pecados e somos desafiados a perdoar.  Também oramos por proteção contra mal e adoramos o nome de Deus por sua Santidade.

Este é um modelo de oração diário, pois diz: “O pão nosso de cada dia nos dá hoje”. É uma oração para todos os dias não como um mantra a ser repetido, mas como um princípio de devoção. 

Será que Jesus esperava que tivéssemos tempo de oração diário? Será que esperava que jejuássemos e déssemos ofertas? Afinal, podemos observar nas escrituras Jesus dizendo: “Quando orares… Quando jejuares… quando…”. Isto demonstra a convicção de que aqueles que o seguem fariam essas coisas sempre e sempre. 

 Conclusão

Estes são apenas alguns exemplos, mas há muitos outros ensinos sobre a vida de oração de Jesus. Queremos encorajá-los a buscar essas referências bíblicas no evangelho e a crescer em sua vida de oração. Este mês aqui no blog falaremos sobre personagens inspiradores e como eles se moveram nessa disciplina espiritual. Lembre-se:

“Perseverai na oração, vigiando com ações de graças.” Colossenses 4.2

 “Orai sem cessar.” I Tessalonicenses 5.17

Que o Senhor nos faça fluir em oração. Deus te abençoe.  

Há tanto para falar e aprender ao olharmos a vida de Davi. O homem segundo o coração de Deus consegue causar tanta identificação em nós, mesmo com todos os anos de distância que nos separam dele. O pastor menino, tão cuidadoso com suas ovelhas, o irmão mais novo e mais valente do seu clã, o guerreiro ovacionado pelo povo, o rei amado. Ele foi tão humano, porém, sua humanidade transbordou em suas fraquezas. Deve ser por causa disso ele nos ensina sobre aprender a ser perdoado por Deus.

Imagina que Deus escolhesse escrever um livro sobre a sua vida, e o colocasse ao alcance de milhares e milhares de pessoas e gerações. Todas as suas glórias e vitórias expostas e fazendo de você alguém admirável diante dos olhos de várias pessoas. Entretanto, imagine também que esse mesmo livro seria igualmente uma vitrine das suas fraquezas, seus pecados seriam expostos e algumas vezes as intenções mais obscuras do seu coração estariam lá registradas.

Isso foi exatamente o que Deus fez com Davi. Ele colocou a vida de Davi como um espetáculo público. Assim, soberanamente permitiu que a vida do rei de Israel fosse assistida por várias gerações. E graças a Deus por isso, podemos extrair lições preciosas com sua jornada.

O HOMEM SEGUNDO O CORAÇÃO DE DEUS

O título mais famoso ao falarmos de Davi foi o elogio que saiu da boca de Deus dirigido a ele: o homem segundo o coração de Deus. Um título bem controverso quando olhamos para os eventos da sua vida. Já conheci pessoas que realmente se ofenderam com esse título dado a Davi. Aliás, como assim um adultero, homicida, mentiroso, pai passivo a um abuso sexual pode ser chamado de homem segundo o coração de Deus? Você já pensou sobre isso?

Dentre as tentativas de justificar esse título controverso com certeza o que se destaca é o tipo de relacionamento que Davi tinha com o Senhor. Ele é incomum e distinto na forma como se relacionava com Deus no contexto da era da Lei e não dá graça. Salmos expõe o coração de Davi em orações profundas diante de Deus. Ele era humanamente fraco e vulnerável ao pecado que lhe batia a porta, mas seu coração estava entrelaçado mesmo que muitas vezes de forma fraca a um amor pelo seu Deus.

Se você tem um relacionamento íntimo com alguém sabe como funciona. É ter outra pessoa que conhece detalhes da sua personalidade que seria vergonhoso um desconhecido conhecer. Você fala e faz coisas que não faria na presença de outros. Em outras palavras alguém intimo é alguém que não cabe a performance, o requinte ou as máscaras. É apenas a realidade exposta como ela é. Essa é a sensação que tenho quando olho para o relacionamento de Davi com Deus, eles se entendiam com o olhar.

DAVI SABIA SER PERDOADO E CONTINUAVA VOLTANDO PARA O SENHOR

A vida de Davi nos mostra a habilidade que ele tinha de continuar voltando para o Senhor. Mesmo quando haviam deslizes e quedas ele era rápido em correr para Deus em arrependimento e confissão. E essa é a lição que  queria chegar nesse texto: Davi sabia ser perdoado. Ele reconhecia o conceito de viver pela graça mesmo que não fosse a mensagem da sua época. Todavia, Deus já era gracioso e se movia benignamente com corações que tinham fé Nele.

OS EMPECILHOS DO PERDÃO

Diferente de Adão que pecou e se entregou a vergonha, Davi não corria de Deus, ele corria para Deus. Quando nos deparamos com nosso pecado e fraqueza Satanás realmente deseja que nos sintamos tão envergonhados e sujos que não consigamos nos voltar para Deus novamente. A vergonha e a autocomiseração são ferramentas eficazes para separar o homem da nova vida após o arrependimento.

Ademais, quando a culpa ganha a guerra, o coração que se sujou permanece sujo e ainda corre o risco de sujar-se mais ainda. Quem se vê como impuro e não consegue receber o perdão, tende a perder mais tempo longe de Deus.

A ALEGRIA DO CÉU É O PECADOR ARREPENDIDO

Você já pediu perdão a Deus por algum pecado e levou um tempo para orar normalmente ou se sentir merecedor da atenção e benção de Deus outra vez?

Muitas vezes achei que quando caia eu voltava para o final da fila e teria que percorrer todo caminho penoso de novo, como castigo, tendo que assim reconquistar a confiança de Deus. Como se Deus fosse como o homem. Não, definitivamente Deus não precisa de um tempo para conseguir liberar perdão. O Cordeiro que nos justificou foi morto desde a fundação do mundo (Apc 13:8).

É crucial na caminhada cristã entender que Deus prefere o coração arrependido. Ele não pode ser surpreendido e nem ser frustrado. Lembre-se: “[…] haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.” (Lc 15:7)

Mais paradoxal que o elogio de Deus à Davi é a graça, que nos vê como ainda seremos, dispensando nosso esforço em nos transformar e requerendo apenas fé suficiente para nos voltarmos para Ele.

Sabendo que, se o nosso coração nos condena, maior é Deus do que o nosso coração, e conhece todas as coisas. 1 João 3:20

RECEBA O PERDÃO

Assim, como Davi fazia não esconda de Deus seu pecado ou sua fraqueza, pelo contrário, converse com Deus sobre isso. Ele é de fato o único que pode ajudar você. Dê ouvidos a Palavra e não as suas sensações de culpa e vergonha.

Corra para o Senhor e creia no perdão Dele derramado antecipadamente no Calvário. Após o arrependimento deixe que o amor do perdão te constranja pela consciência que mesmo indigno após pecado, o amor Dele não sofre desgaste.

Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça. 1 João 1:9

Mude os olhos com os quais você olha para o Senhor, ele é como o pai do filho pródigo que corre em direção ao filho perdido que volta para casa. Ele não está cansado e irritado se você o procura. Ele faz festa com o coração que deseja se concertar com Ele.

Neste terceiro texto da série sobre a vida de Davi, vamos conversar um pouco sobre a sua identidade. As características de uma identidade firmada no Senhor e como podemos aplicar esses princípios em nossa vida. 

Boa leitura! 

Davi tinha um diferencial em relação à sua família e ao seu povo: sua identidade estava firmada em um lugar seguro e por isso ele não temia as adversidades. A Bíblia ressalta esse jovem menino que precisou confiar em Deus. Constantemente seu compromisso era provado e à medida em que desenvolvia sua fé, ele era confrontado e, consequentemente, aperfeiçoado.

Um grande problema que enfrentamos hoje é, mesmo sendo cristãos somos alvos de uma cultura que prioriza a própria individualidade, autonomia e bem estar. Sem se preocupar com o lugar que a Palavra de Deus deveria ocupar no nosso coração.

Como então, Davi lidava com determinação e coragem para enfrentar as adversidades  respondendo à vontade de Deus? 

Primeiro, o que é identidade?

Uma pesquisa rápida na internet nos mostra que identidade é aquilo que distingue uma pessoa, são as características que individualizam sua personalidade, ambiente, formação psicológica, comunidade em que vive, gostos, valores e dentre muitos outros fatores.

Indo um pouco mais além, existe também uma individualidade caracterizada pela maneira como enxergamos o mundo, nossos desejos mais profundos e como eles interferem na maneira que enxergamos a nós mesmos. E por sermos seres intrinsecamente relacionais, como somos vistos por outras pessoas.

Esses últimos fatores definem os nossos impulsos e como tomamos decisões na vida. Trata-se do centro religioso da nossa existência, por isso, podemos notar de onde partem os desejos do coração de Davi. 

De onde parte a coragem de Davi?

É fácil admirarmos pessoas que sabem o que querem, que têm propósito claro e lutam por aquilo que acreditam. Além disso, por serem destemidas e ousadas para enfrentarem o que vier pela frente. Davi também era destemido e ousado, porém a sua confiança partia de um lugar realista a respeito de sua própria natureza e da dádiva da graça de Deus.

Para exemplificar, vamos pensar a respeito do episódio em que ele lutou com o gigante Golias, inimigo de Israel. Davi era novo e não pertencia ao exército do Rei, havia chegado ao local da batalha apenas com o intuito de levar comida para seus irmãos. Quando percebeu que nenhum dos israelitas se propunha a lutar contra o gigante fariseu, ele mesmo se ofereceu para guerrear em nome do Senhor dos Exércitos.

A sua confiança estava na verdade sobre quem ele era em Deus e não no que ele poderia fazer. 

Davi conheceu suas fraquezas

A identidade de Davi foi moldada muito tempo antes da batalha contra o gigante Golias. Não a partir de uma autoconhecimento narcísico de sua competência e talento, mas de uma vida de intimidade com Deus. O conhecimento de Deus, sua intimidade com as leis do Senhor e com o reconhecimento da graça diária, foi assim que Davi pode ser capaz de conhecer a si mesmo.

As fraquezas de Davi não oprimiam sua identidade, mas era parte da fonte de sua dependência de Deus. Suas limitações o impulsionaram a reconhecer sua necessidade do Altíssimo e a buscar refúgio em sua presença. 

A realização de Davi

Davi venceu a batalha contra Golias, mas sua realização partiu de uma identidade equilibrada. E que reconhece suas limitações, vibra pela graça e misericórdia de Deus.

A realização de Davi estava em regozijar-se no Senhor, porque confiava que o propósito divino era maior que sua vida. Ele confiava que Deus era capaz de usar suas mãos, inteligência e estratégia para a glória dEle. 

Aprender com Davi é importante para brilharmos a luz que o mundo ainda não conheceu. Uma luz que não irradia de nossa própria glória, autodeterminação, individualidade, mas de uma identidade firmada em Deus. Ou seja, de nossos sentimentos e intelectualidade não mais irrealistas e superestimados, mas equilibrados sobre a visão que temos de nós mesmos, dos outros e do nosso propósito nesta terra.

Estamos chegando ao fim do Maio Laranja, porém esse assunto não se esgota em importância e em conteúdo. Depois de um mês orando e agindo em prol da defesa das nossas crianças é inevitável ignorarmos um fato: E quando já houve o abuso? O que será do coração que já foi dilacerado pelo trauma? A guerra foi perdida para essa vítima? Quero te levar a crer que se Deus insere o coração quebrado no Seu roteiro, a esperança é a palavra final.

 

QUEM UM DIA FOI A CRIANÇA VÍTIMA

Quero hoje falar com você que um dia foi a criança abusada e violada, ou com você que lida com a impotência de acompanhar um pequenino que sofre tamanha dor. Como psicóloga já trabalhei e acompanhei casos de crianças e adolescentes com diversas histórias que causam indignação e dor de compaixão. É inegável que há muita injustiça e maldade envolvidos em todo processo e tratamento, mas de fato Deus nos “criou de modo especial e admirável”, além de ter nos feito como alvos de sua preciosa bondade e misericórdia, que superam toda capacidade do mau.

 

UM TRAUMA, UMA MARCA IRREPARÁVEL

De fato, um trauma pode ser visto com uma rachadura, uma marca irreparável. Imagine um vaso de porcelana que cai e quebra. Posso recolher os pedaços e colocá-los uns nos outros mais uma vez, ele volta a ser um vaso, porém, não como antes. Assim pode ser visto o trauma. Porém, mesmo depois do trauma ainda pode haver funcionalidade e beleza. O vaso reconstruído ainda é um vaso. 

Você já reparou que na profecia messiânica em Isaías 61 é falado a respeito de Jesus que ele transforma as cinzas em uma bela coroa? Como o resto de pó de algo que foi completamente queimado pode servir de beleza?

O que quero dizer com isso é também o que não quero que saia da sua mente enquanto ler esse texto: O abuso sexual não é o fim da história!

 

IMPACTOS DA VIOLÊNCIA

Psicologicamente listamos que as consequências da violência sexual atingem o nível físico, comportamental, psicológico/emocional, além do social considerando o impacto desta nas pessoas envolta da vítima. 

Dentre alguns impactos do abuso estão: disfunções alimentares (perca ou excesso de apetite), alteração no sono, passividade, agressividade, isolamento, dificuldade para se relacionar, retração, comportamento sexual adiantado para a idade, masturbação precoce frequente e descontrolada, consumo de álcool e drogas, condutas suicidas, insegurança, sentimento de culpa, baixa autoestima, sentimento de traição, tristeza constante, vergonha, ansiedade, rejeição ao próprio corpo (sentir-se suja), depressão, desconfiança, e outros.

Certamente é importante saber e reconhecer esses sintomas até mesmo para conhecer a raiz deles e estar consciente de como cada vítima foi afetada. Todavia, o alvo da nossa conversa aqui hoje não são as consequências, mas a esperança.

 

POR QUE O ABUSO NÃO É O FIM DA HISTÓRIA?

Certamente, alguns dos impactos quando alguém se torna a vítima estarão diante dos seus olhos por anos. Então, como lidar com isso e enxergar possibilidade de redenção nessa história?

 

  • COMO DEUS CRIOU O HOMEM

Uma das habilidades que Deus colocou sobre o homem que me fascinam, é a nossa capacidade de adaptação e resiliência. Mesmo depois de episódios traumáticos ou submetidos a situações extremas, somos capazes de nos adaptarmos para conseguir viver da melhor forma possível com aquele item novo. 

A resiliência é a capacidade de superar, de conseguir voltar a funcionar. O homem não precisa ser cristão para ser resiliente e adaptado, é uma característica humana. Ele de fato nos criou de forma especial e admirável (SL 139:14). 

Não ser resiliente significaria que o mesmo nível de dor que a vítima sentiu no dia do abuso ela sentiria anos depois na mesma intensidade. Consegue perceber como seria insustentável? Mas não é assim que acontece, a tendência dos mecanismos psíquicos é encaminhar o indivíduo para a diluição dessa dor de maneira que o indivíduo consiga viver com ela em um nível menor.

Essa habilidade pode ser desenvolvida, treinada e melhorada principalmente com ajuda de uma boa rede de apoio familiar e profissional. Nesse ponto, terapia e acompanhamento psicológico em qualquer momento da vida são extremamente importantes. Vejo aqui, a graça comum do Senhor em usar nossa própria estrutura humana e a ciência para abrir uma porta de esperança.

 

  • QUANDO O HOMEM ENTRA NA HISTÓRIA DE DEUS.

Nesse momento só posso falar com quem reconheceu Jesus como seu Salvador. Isso significa crer que sua mão está estendida para derramar bondade, crer que sua soberania nos faz bem ainda que coisas ruins aconteçam na nossa história. 

Quando a nossa pequena história se cruza e se une no fluxo da história de Deus a possibilidade mais linda que nos é apresentada é a Redenção. A redenção nada mais é do que pela obra de Cristo todas as coisas convergirem na sua vontade, ou seja, o homem caminhar na jornada de retorno ao plano original para o qual foi criado. Se você me entende, estou falando que quando somos redimidos mergulhamos na jornada de nos parecermos com Jesus, Ele como o representante de uma humanidade perfeita, o segundo Adão, como a Bíblia o chama.  

Nesse processo tudo o que o pecado causou vai sendo durante toda nossa vida desconstruído e limpo para se tornar cada vez mais puro, bom e belo outra vez. Atente que não há promessas para essa era de algo instantâneo em todas as situações. Mas há promessas que Cristo vai sendo formado em nós (Gl 4:19), há promessa que ele em nós é a esperança da glória (Cl 1:27) e há promessa que quando ele voltar a Terra mais uma vez enxugará dos olhos toda a lágrima (Ap 21:4).

 

A TRANSIÇÃO DE VÍTIMA PARA REDIMIDO

O que Deus faz com o coração do homem que deixa sua história nas mãos Dele é mudar a categoria e quebrar o estereótipo. De uma história de trauma Ele faz um história de redenção.

Ele faz com que o clímax e o protagonista da história não seja o momento da violência, mas a jornada onde ele lhe dá  “[…] uma bela coroa em vez de cinzas, o óleo da alegria em vez de pranto, e um manto de louvor em vez de espírito deprimido. Em lugar da vergonha que sofreu, porção dupla, e ao invés da humilhação, se regozija em sua herança; pois herdará porção dupla em sua terra, e terá alegria eterna. ‘Porque eu, o Senhor, amo a justiça e odeio o roubo e toda maldade. Em minha fidelidade os recompensarei e com eles farei aliança eterna’.” (Isaías 61:3, 7,8)

 

E ASSIM, A ESPERANÇA TEM A PALAVRA FINAL SOBRE A HISTÓRIA.

Espero que se você um dia foi uma criança vítima da violência sexual após ler esse texto você consiga se ver como um alvo da bondade e amor de Pai que te persegue para derramar esperança e cantar sobre você um canção de redenção. Que ao olhar para sua história você coloque como personagem e momento principal Jesus e obra da Cruz, transformando uma história de pecado e dor em uma história de graça, redenção e esperança.

O mês de Maio é um lembrete de uma das maiores lutas que temos enfrentado como nação. 

Certamente, os dados alarmantes nos fazem clamar ao Senhor por justiça, mas também são um lembrete que devemos nos posicionar em oração pela nossa nação para que essa realidade seja mudada. 

Principalmente, orar por uma nação na qual nossas crianças estarão protegidas de qualquer tipo de violência ou abuso. 

Em Maio de 2020 segundo dados Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) ocorreu algo em torno de 17 mil ocorrências em relação a abuso de crianças e adolescentes. 

Observe abaixo parte desses dados: 

Dos 159 mil registros feitos pelo Disque Direitos Humanos ao longo de 2019, 86,8 mil são de violações de direitos de crianças ou adolescentes, um aumento de quase 14% em relação a 2018.  A violência sexual figura em 11% das denúncias que se referem a este grupo específico, o que corresponde a 17 mil ocorrências. Em comparação a 2018, o número se manteve praticamente estável, apresentando uma queda de apenas 0,3%. Veja o artigo completo aqui. 

Inegavelmente, esses números são realmente altos e isso tem que causar em nós um clamor para que nossa nação viva uma mudança desta realidade tão cruel. 

Portanto, precisamos nos posicionar em oração por nossa nação. Pois, toda e qualquer situação pode ser mudada através de um povo que conhece seu Deus e o busca em orações e súplicas. 

Abaixo alguns exemplos de como você pode orar pela nação: 

1- Ore para que as autoridades tenham sabedoria

Aliás, aqueles que regem as leis da nossa nação precisam ter sabedoria, tal qualidade somente pode ser encontrada em Deus. Quando isso ocorrer poderão liderar nosso país com justiça e retidão. 

“Deus é que tem sabedoria e poder; a ele pertencem o conselho e o entendimento. Jó 12:13 

2- Ore por paz 

Enquanto corremos atrás de coisas e causas inúteis, temos sido distraídos como nação e estamos eternamente em uma luta. Contudo, precisamos de uma nação, na qual podemos encontrar paz. Certamente, se estamos em paz iremos conseguir olhar com mais atenção para as questões que realmente precisam de nós. 

O fruto da justiça semeia-se em paz para os pacificadores. Tiago 3:18 

O amor e a fidelidade se encontrarão; a justiça e a paz se beijarão. Salmos 85: 10 

3- Ore por justiça na nação 

Quando pensamos em tudo o que uma nação com números altos de abuso necessita, justiça é uma das maiores.. 

Para que uma nação seja formada por cidadãos saudáveis precisamos que antes eles tenham sido crianças e adolescentes que não sofreram abusos. 

O fruto da justiça será paz; o resultado da justiça será tranqüilidade e confiança para sempre. Isaías 31:17 

4- Ore por uma nação com leis justas 

Para que os homens e mulheres que tem autoridade em nosso país sejam inspirados por Deus ao criar ou gerir as leis e que eles protejam os menos favorecidos e os que precisam de cuidado e segurança. 

Por isso a lei se enfraquece e a justiça nunca prevalece. Os ímpios prejudicam os justos, e assim a justiça é pervertida. Habacuque 1:4 

Garantam justiça para os fracos e para os órfãos; mantenham os direitos dos necessitados e dos oprimidos. Salmos 82:3 

O Brasil precisa de cura e viver um tempo no qual possamos vê-la em todas as esferas da sociedade. 

Precisamos entender que seja qual for a situação, nosso Deus é poderoso para mudar a realidade e transformar nossa nação. Ninguém e, principalmente, nossas crianças não foram esquecidas pelo nosso Pai. Deus tem cura para a nação brasileira. Essa nação será envolvida pelo amor e por uma transformação do nosso Senhor. 

se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar e orar, buscar a minha face e se afastar dos seus maus caminhos, dos céus o ouvirei, perdoarei o seu pecado e curarei a sua terra. 2 Crônicas 7:14 

 

Nós podemos nos engajar com nossas ações, palavras e ensino, mas, antes de tudo, o abuso e a exploração sexual infantil são um problema espiritual. Orar por um problema tão intrínseco no Brasil e com dados tão altos é mais do que urgente. Essas crianças e o nosso país precisam desesperadamente da graça e da ação divina em cada cidade.

JESUS VALORIZA AS CRIANÇAS

Jesus é o maior e único exemplo de humanidade perfeita na terra. Ele amou as crianças e as tratava diferente do que sua cultura tratava. 

Naquela época as crianças eram abandonadas, destinadas a prostituição ou a vida de gladiadores. Elas eram treinadas para enfrentar animais ferozes e outras vezes, eram tratadas como servos. Diferentemente, Jesus tratou as crianças com esmero e amor.

Deixem vir a mim as crianças, não as impeçam; pois o Reino de Deus pertence aos que são semelhantes a elas.  Marcos 10:14

 

Se não fosse a vida de Cristo e seu impacto no mundo, nunca saberíamos que o rumo da humanidade se encontrava numa direção tão torta e perdida. Antes de morrer, Jesus nos ensinou a orar por unidade, para que fôssemos um com Deus e com o próximo. Por isso, precisamos orar por justiça. 

É necessário que oremos para que as crianças sejam protegidas em sua identidade emocional e espiritual. Elas precisam saber o quanto são amadas por Deus e o quanto o sacrifício de Jesus para salvá-las as livra de qualquer medo e culpa.

ORE POR JUSTIÇA

Deus sempre prezou por fazer justiça ao justo e condenar o culpado (Deuteronômio 25:1). Deus nos garante, por meio do seu Espírito da promessa, que com a sua vinda Ele voltará para trazer justiça. 

É necessário clamar e chorar com os que choram, pois Jesus mesmo nos ensinou a pedir com insistência, clamando por mudança e restauração. O nosso Deus quer que nós oremos e confiemos que Ele está nos ouvindo. Existe uma justiça divina nos aguardando no final dos tempos, mas também existe uma justiça humana, concedida pela graça e misericórdia de Deus, que nos preserva de nos destruirmos.

É importante orarmos para que os culpados sejam julgados e que a justiça seja feita a fim de inibir a força maligna.

ORE POR ARREPENDIMENTO

A obra da cruz alcançou qualquer pecado. Todos os que pela fé creem na obra da cruz são parte da grande família de Deus. Todos fomos grandemente perdoados e necessitamos da graça de Deus.

Levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados.
1 Pedro 2:24

Assim o madeiro nos alcançou, que os abusadores também se arrependam de seus pecados. Nossa oração deve ser para que eles não voltem mais a pecar e sejam libertos do vicio e da maldade pelo poder do sangue de Jesus.

ORE PARA QUE OS PROJETOS AVANCEM

E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido.
Gálatas 6:9

Existem pessoas à frente da batalha que participam de projetos e fazem o melhor para levar a diante esta mensagem. O projeto Maio Laranja é uma iniciativa que apoiamos e que tem ganhado espaço nacional. Este projeto incentivou vários lugares, comunidades, pessoas comuns e políticos a se mobilizarem por esta causa, o combate ao abuso e à exploração sexual infantil no Brasil.

Não podemos nos cansar de fazermos o bem, porque estamos correndo uma corrida cuja coroa é valiosa e imperecível. Nossas orações devem contemplar àqueles que estão nesse e em vários outros projetos de assistência à criança e ao adolescente ao redor do Brasil, seja na sua cidade ou um projeto que você conheça.

O importante é unirmos as nossas forças para que crianças sejam curadas, protegidas e livres desta opressão maligna. Precisamos orar para que nosso coração se quebrante e se volte para esta causa, confiantes de que para Deus nada é impossível.